O presidente Donald Trump completou nesta terça-feira, 29, 100 dias à frente do governo dos Estados Unidos, período em que estabeleceu um conflito com todos os parceiros comerciais do país, implantou taxas que fizeram os produtos subirem de preços dentro do mercado norte-americano, provocaram uma perda de 1,3 trilhão de dólares para os investidores do país, fizeram balançar a posição dos EUA como um local seguro para os aplicadores, além de outros problemas.
Foram 140 vezes em que ele exibiu para as câmeras um decreto com sua assinatura, cujo teor envolvia questões de imigração, comércio, corte de funcionários públicos, além de outros temas polêmicos como questões de gênero.
SUPEREGO
Mas, para o presidente tudo está lhe favorecendo, a ponto de dizer que no atual governo ele está com o controle não só de seu país, mas, de todo o mundo. E se ufanar de dizer que mais de 60 países já o procuraram para renegociar a questão das taxas. Tudo de acordo com o seu gigantesco ego.
Só não falou que sua descabida manifestação – várias vezes repetida – de transformar o Canadá no 51º estado norte-americano, o que tornou o país, de vizinho amigo e cooperador, em um inimigo. E isto foi manifestado nesta terça-feira pelo recém eleito primeiro-ministro canadense Mark Carney, ao enfatizar que os EUA se tornaram o maior inimigo do Canadá. Na realidade, o desrespeito de Trump para com o Canadá foi tamanho que chegou a chamar o então primeiro ministro Justin Trudeau de “governador”.
CONTRAGOLPES
Depois de ter recuado nas taxas que implantara de forma genérica a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos, Trump recuou no que toca ao único país que permanecera altamente taxado, a China. Mas, segue dizendo que é a China que quer negociar. Não menciona a pressão interna nos Estados Unidos, devido ao fato de que muitos produtos são desenvolvidos por fábricas norte-americanas estabelecidas no território chinês. Assim, de repente, produtos como celulares, computadores, eletrônicos e outros quintuplicaram de preço no mercado americano.
O professor Hugo Garbe, do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, escreveu um artigo em que diz: “Trump voltou a usar o comércio exterior como instrumento de pressão, reacendendo o fantasma das guerras tarifárias que marcaram sua administração anterior. No entanto, o recuo rápido — sugerindo negociações que, segundo autoridades chinesas, sequer foram iniciadas — evidencia não apenas a fragilidade tática da ofensiva americana, mas também um dilema mais profundo: há limites econômicos para o confronto com a China sem que os próprios Estados Unidos sejam afetados por contragolpes inflacionários e rupturas nas cadeias produtivas”. Ou seja, referenda estes aspectos que levantei.
PRESTÍGIO
Assim, não é sem motivos que o prestígio de Trump despencou, a ponto de ser o pior presidente avaliado desde Richard Nixon, que governou de 20 de janeiro de 1969 a 9 de agosto de 1974, quando renunciou em função do escândalo Watergate. De acordo com pesquisa divulgada pelo New York Times, sua reprovação está em 55%, porém, chega a 61% quando se trata especificamente da economia.
No entanto, para seus apoiadores, sua terapia de choque e pavor é uma demonstração tangível de um presidente totalmente ativo, cumprindo suas promessas e instaurando reformas aguardadas há muito tempo. Mas, seus críticos receiam que Trump esteja causando danos irreparáveis ao país, ultrapassando seus poderes, inviabilizando funções governamentais importantes e, talvez, remodelando a presidência de forma permanente e altamente perigosa.
ALIMENTOS
As ações de Trump vem influenciando no mercado de alimentos. Os produtores de soja do país já perderam o mercado chinês. Bom para o Brasil que aumentou suas vendas para os chineses. De acordo com projeções de analistas econômicos, neste ano, as importações americanas atingirão 220 bilhões de dólares no setor de agronegócio, 49 bilhões acima do que será exportado. Esses números ainda não contemplam todo o estrago que a guerra comercial provocará sobre as vendas externas dos Estados Unidos.
Enfim, apesar do entusiasmo de muitos apoiadores, os números da administração Trump demonstram a confusão que ele estabeleceu nestes 100 primeiros dias de governo.