A Espanha é o segundo país em área territorial da Europa Ocidental. No entanto, o país está sujeito a perder parte do seu território e a Europa está na iminência de ver surgir um novo país: a Catalunha. A crise econômica que se abateu sobre a Espanha está fomentando o movimento separatista, o qual deu dois passos significativos esta semana. Um deles, a grande manifestação realizada em Barcelona, onde despontava a faixa com a inscrição “Catalunha, novo Estado da Europa”. O outro, a aprovação pelo Parlamento catalão de resolução para promover uma consulta popular sobre a independência da região.
Movimentos separatistas não são novidade na Espanha. Existem praticamente desde que o reino foi unificado com o casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, no final do século 15. Um reino que, além de juntar Navarra, Catalunha, Castela e Aragão, teve um salto de expansão com o rei Carlos I (1516-1556), da família dos Habsburgos, que se tornou o governante mais poderoso da Europa, senhor da Holanda, Áustria, Sardenha, Sicília e Nápoles e imperador do Sacro Império Romano-Germano, com o título de Carlos V. Tudo sustentado pela “Invencível Armada”, a frota naval espanhola. Uma frota que viveu seus últimos momentos em 1898, na Guerra Hispano-Americana, quando a Espanha perdeu Cuba, Porto, Guam e Filipinas para os Estados Unidos.
Mesmo o que veio a compor a Espanha moderna apresenta múltiplas diferenças. Basta consultar a Wikipédia para constatar as denominações de Espanha através dos idiomas regionais: em castelhano e galego, España; em catalão e valenciano: Espanya; em basco: Espainia; em aranês: Espanha). Para manter a unidade, o governo de Madri concedeu autonomia para as regiões. Hoje o país é composto de 17 regiões autônomas. O que não foi suficiente, por exemplo, para sufocar o mais violento dos movimentos separatistas, que é o do chamado País Basco, região situada ao norte do país e que envolve uma pequena parte do sul da França. Mas ali, na parte espanhola, estão cidades importantes como Bilbao, Santander e San Sebastián. E foi ali que surgiu, em 1959, o movimento ETA – Euskadi Ta Askatasuna, Pátria Basca e Liberdade, no idioma basco. Sua ação mais contundente foi o assassinato do então primeiro-ministro do regime franquista Luiz Carrero Blanco, cujo carro foi parar na marquise de um prédio. A violência usada pelo grupo acabou abalando a luta dos que batalhavam de forma pacífica pela independência. Porém, o sentimento independentista ainda prevalece na região.
E este mesmo sentimento voltou nos últimos meses na Catalunha, que tem o maior PIB entre as regiões, 210 bilhões de euros, maior que o de Portugal, que é de 170 bilhões de euros. E voltou por ter a região que recorrer a empréstimo de 5 bilhões de euros em agosto, para pagar suas dívidas, e ter que aderir ao programa de austeridade fiscal do governo de Madri, que vai retirar 40 bilhões de euros da economia para reduzir o déficit do setor público. Ou seja, mais recessão e desemprego pela frente. Consequentemente, mais força para uma Catalunha independente.