“Se a revolução bolivariana for derrotada, o que não conseguirmos pelo voto, tomaremos pelas armas”. Esta frase proferida por Nicolás Maduro dias atrás sintetiza o que está reservado aos venezuelanos: o fim da democracia. A qual, diga-se de passagem, já vem sendo violentada há muito pelo regime implantado no país. Basta observar a obstrução que é feita ao Parlamento, por este ser dominado pela oposição; o número de presos políticos; a repressão às manifestações populares e a ação dos chamados Coletivos, milicianos armados pelo regime que costumam atirar contra os que se manifestam contra o sistema vigente.
Sem ter mais um Parlamento subserviente, Maduro apelou para a convocação da Constituinte, mesmo violando a Constituição legada por Hugo Chávez, conforme denunciou a procuradora geral do país Luiza Ortega Diaz. Uma chavista que se voltou contra os desmandos do sistema e, por isto, está sendo perseguida. Segundo o projeto, cerca de 500 pessoas devem integrar a nova assembléia, sendo que não haverá representação de partidos políticos, mas sim de entidades sociais, as quais em sua quase totalidade são integradas por pessoas designadas pelo chavismo. O objetivo é criar um organismo aparelhado e destituir a atual Assembleia que é dominada pela oposição. Eleita num reflexo do descontentamento da população com o dito Socialismo do Século 21implantado no país e que levou um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo a uma situação caótica, onde faltam alimentos, medicamentos, água, luz e a inflação chega aos 700%.
A situação é tal que até o ex-presidente brasileiro Lula pediu moderação a Maduro. Porém, esta não é uma característica do dirigente venezuelano. O qual costuma culpar todos os males do país ao “imperialismoYanke”. Sem ter um mínimo de percepção quanto ao fracasso do sistema, que só se sustenta porque conseguiu aparelhar as forças armadas, o judiciário, o tribunal eleitoral e setores do serviço público. Porém, mesmo no seio dos militares começam a aparecer as dissensões. Enquanto isto, as fronteiras com o Brasil e com a Colômbia se tornam crescentes pontos de fuga de cidadãos venezuelanos em busca de sua sobrevivência. Fogem de um país que corre o sério risco de descambar para uma guerra civil.