Depois de encontrar-se com Vladimir Putin no Vietnã, Donald Trump disse que saía convicto da sinceridade do presidente russo ao afirmar que não houve interferência russa na eleição americana. Declaração que não convence nem os monges do Nepal. Representantes do Facebook, Google e Twitter já prestaram depoimento perante o Senado americano, admitindo terem vendido espaço para agentes russos publicarem fake news. Quando quiseram justificar sua inocência no processo foram questionados pelo senador Al Franken: “Notícias sobre política dos Estados Unidos pagos com rublos. Não dava para desconfiar?” Resultado, tiveram que fazer um mea-culpa sobre o uso de suas plataformas por operadores russos durante o processo eleitoral americano. Notícias que visavam prejudicar a candidata Hillary Clinton, pois o russos sabiam que um governo do destemperado Trump seria muito pior para os EUA. Foram mais de 400 contas citadas pelo Twitter como instrumentos do Kremlin.
Agora vem a revelação sobre a influência russa no processo de votação do Brexit, ou seja, decisão sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. O correspondente do New York Times em Londres revela que milhares de mensagens em inglês, mas originárias de contas do Twitter em russo, faziam apologia para que os britânicos deixassem a UE. Uma pesquisa da Universidade Swansea, do País de Gales, revela que 15.562 publicações no Twitter incentivando o Brexit, tiveram como origem contas registradas com o idioma russo. Já pesquisadores da Universidade de Edimburgo, segundo o Guardian, constataram 419 contas russas que publicaram mais de 3.500 mensagens em inglês incentivando o Brexit. E neste caso o objetivo do Kremlin é muito claro: agir para a desestruturação da União Europeia. Não se pode esquecer que, com o término da União Soviética, a maior parte dos países do Leste europeu que orbitavam em torno de Moscou, passou a fazer parte da comunidade europeia, aderindo ao euro e às normas de liberdade de locomoção de pessoas e de mercadorias. Trocando, logicamente, o regime comunista pelo capitalista. A Rússia, é verdade, também aderiu ao capitalismo, mas quer restabelecer a influência sobre sua vizinhança.
Mas, não só sobre a vizinhança. Se possível ir mais longe. Como está fazendo agora com a Venezuela, país que acaba de aplicar um calote generalizado nos seus credores. A Rússia anunciou uma protelação de cinco anos para receber até mesmo os juros da dívida venezuelana. Uma forma de se associar com um regime para o qual vendeu a maior parte dos armamentos que usa. Inclusive os fuzis Kalashnikov que estão em mãos das milícias chavistas.