Voltei esta semana a Israel, numa viagem antecedida por múltiplas advertências de amigos, pois o confronto entre as forças israelenses e os palestinos do Hamas em Gaza havia recrudescido. Além disto, nas colinas de Golã também estavam ocorrendo enfrentamentos decorrentes da guerra na Síria. Desci no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, e fui para Jerusalém através de uma auto-estrada com múltiplas pistas que cruzava por outras vias da mesma qualidade, sentindo absoluta segurança. Mesma segurança que desfrutei em Jerusalém, pois os conflitos estavam muito distantes dali.
E a velha e histórica cidade continua sendo uma atração a parte. Por dentro das muralhas se pode desfrutar as ofertas dos mercados de seus quatro quarteirões: o cristão, o judaico, o islâmico e o armênio. Por ali se pode chegar aos marcos sagrados das três religiões monoteístas. O Muro das Lamentações, para os judeus, as mesquitas de Omar e Al Aqsa, para os muçulmanos, e a Igreja do Santo Sepulcro, para os cristãos. Tudo não distando mais do que duzentos metros um do outro. Caminha-se sob piso de pedras colocadas pelos romanos e, ao longo do caminho, de repente, você se depara com o marco de uma das estações da Via Crucis. E a segurança? Tudo sob o rígido controle das forças israelenses. E fora da muralha pode-se caminhar à noite por toda a cidade, indo do hotel para um bar ou restaurante, sem problema algum.
Bem, e questão política? Na política interna o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Bibi como os israelenses o chamam, está também envolvido em denúncias de corrupção. Nada que se compare ao que ocorre no Brasil, mas algo que mancha sua conduta e desagrada boa parte da população. E uma boa parte da população também está na expectativa de que surja uma solução para a questão que envolve os palestinos. Falei com uma amiga brasileira que mora há 16 anos em Israel e ela explicou que o muro que foi construído separando os territórios ocupados foi fundamental para acabar com os ataques terroristas. E, na medida em que esses atos deixam de existir, amplia-se o caminho para a negociação. Afinal, os palestinos precisam ter um passaporte, algo que não possuem hoje. Mas a negociação passa pelo Fatah e a Autoridade Nacional Palestina, sediada na Cisjordânia. Mas tem o fator complicador do Hamas que, embora todo seu isolamento, insiste na idéia utópica de destruir Israel. Este, aliás, é um Estado maduro e desenvolvido que chegou aos seus 70 anos muito bem consolidado. O mesmo período da diáspora palestina, que para acabar, não será com o que o Hamas vem fazendo, nem tampouco com a ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia.