A Bolívia já teve na mineração a sua grande fonte de renda. Hoje, as minas de Potosi já não não produzem com a mesma intensidade de anos atrás, mas ainda tem importância na economia do país. A principal renda, no entanto, vem do gás, que é vendido para o Brasil e para a Argentina. Pois agora começa a surgir uma nova e inesperada fonte de renda para os bolivianos, também situada em Potosí. O enorme deserto do sal concentra as maiores reservas mundiais de lítio.
Situado a 3.600 metros de altura, numa remota região dos Andes, no sudoeste do país, o gigantesco salar está sendo objeto das primeiras experiências em busca do combustível do futuro. Um combustível capaz de revolucionar a indústria automobilística. O salar de Uyuni, em Potosí, tem 50,5% do total das reservas mundiais de lítio, segundo autoridades americanas.
Substância estratégica e rara, o lítio alimenta a indústria de telefones celulares, de laptops e de outros eletroeletrônicos, servindo como elemento chave das baterias. Além disto, é empregado na indústria química, metalúrgica, cerêmica e em reatores nucleares.
Mas é a possibilidade de que venha a se transformar na matéria prima de alto rendimento dos carros elétricos do futuro, em estudo por diversas montadoras, que faz com que a reserva seja cobiçada por empresas estrangeiras. No ano passado, o presidente Evo Morales deu sinal verde para a construção de uma planta-piloto para a produção de carbonato de lítio. A obra, orçada entre 6 e 7 milhões de dólares, está em andamento.
Além de dar início à fábrica, Morales também abriu as portas para negociações de possíveis parcerias com o capital privado para a industrialização do lítio em maior escala. Até agora, companhias de ao menos quatro países procuraram La Paz para discutir futuras condições de investimentos e acesso à região. O problema será negociar sob as condições que tem imposto o governo de Evo Morales. A Bolívia não tem sido um país atraente para os investidores internacionais. Porém, se a demanda por lítio crescer, aumentam as chances de que o capital privado relegue inseguranças jurídicas a políticas para ter acesso à reserva.
De acordo com estudo da U. S. Geological Survey – Mineral Commodity Summaries de 2008, Depois da Bolívia, as maiores reservas de lítio estão no Chile, com 28% e China, 10,3%. Os EUA, que tem 3,8% das reservas, são o maior produtor e consumidor mundial. Em 2007, o Brasil produziu 25.160 toneladas, o que corresponde a 1,7% do total mundial.
(Extraído de matéria de Marcos de Moura e Castro, publicada no “Valor” de 17/11/2008)