Doha, a capital do Catar, é uma cidade que rivaliza com a sua vizinha Dubai, dos Emirados Árabes Unidos, em termos de beleza, suntuosidade e avanço tecnológico. Ao retornar do Vietnã fiquei quatro dias na cidade, buscando entender o milagre da transformação de um país que até a década de 1970 era apenas um grande exportador de pérolas e que hoje é apontado pelo FMI como o mais rico do mundo em relação ao PIB per cápita. Ou seja, em relação ao que o país aufere e ao número de seus habitantes. E é justamente por isto que os seus cidadãos não só não pagam imposto de renda ou de qualquer outra natureza, como também não pagam por água, energia, gás, etc. Educação e assistência à saúde de alto nível, completam as benesses dos cataris.
Percorrer a cidade à noite é vislumbrar um cenário hollywoodiano, de gigantescos prédios, multicoloridos pelo efeito da iluminação e cada um procurando se destacar mais pelo seu arrojo arquitetônico. Internamente o destaque fica por conta da inteligência artificial. Ali está cada vez mais presente o conceito de smart city.
O país está em intensos preparativos para sediar a Copa do Mundo de 2022. Aliás, sob muitas acusações de ter comprado os direitos para sua realização. Mas, este pequeno país, que tem apenas 200 quilômetros de extensão de Norte para Sul e 100 quilômetros de Leste para Oeste, é composto por apenas oito cidades. Doha terá seis dos oito estádios que irão sediar a Copa. Para uma das outras sedes está sendo construída uma nova cidade, chamada Lusail. Localiza-se 30 quilômetros a Norte de Doha e deve ficar pronta em 2020. Impressiona vê-la, já quase concluída, mas, totalmente desabitada. São 250 mil moradias, 19 bairros, 22 hotéis, 36 escolas, shoppings, marina, porto, metrô, VLT e o estádio que será palco da abertura e da final da copa. Vejam que a conclusão se dará dois anos antes da Copa. Os outros dois anos serão dedicados à sua ocupação.
O financiamento de tudo isto se dá, ainda pelos ganhos com a pérola, pois o país segue sendo um grande exportador, mas com o petróleo e, fundamentalmente, com o gás, do qual é o quarto maior exportador do mundo. Esta riqueza e sua distribuição em benefício da população, tem permitido à família Al Thani permanecer há 150 anos no comando do emirado. E fazer também com o emir Tamin Bin Hamad Al Thani seja uma figura idolatrada pelos cataris.