A morte de George Floyd nos Estados Unidos provocou uma justificada onda de protestos anti-racismo, que começou no país e se estendeu pelo mundo. Protestos que em sua maioria foram pacíficos, mas, que, em alguns casos derivaram para a baderna. Mas levaram a representação democrata no Parlamento norte-americano a apresentar um projeto de lei para tentar evitar os conhecidos excessos da polícia do país. Não será fácil aprovar. Além de precisar dos votos dos republicanos, sabidamente conservadores, será necessária também a sanção do presidente Donald Trump. E aí, por suas constantes manifestações, já se prevê um veto.
Mas há um elemento novo que seguramente irá ajudar a fazer com a polícia dos EUA procure se controlar mais. E este elemento são as novas tecnologias. Celulares e câmeras espalhados por toda a parte flagram praticamente tudo que acontece. Quantos crimes já foram elucidados por câmaras colocadas dentro de um estabelecimento comercial ou em poste de rua. A ação do policial Derek Chauvin, pressionando durante nove segundos o pescoço de Floyd, sob a vista complacente de seus três companheiros de polícia, foi flagrada pelo celular de uma menina de 17 anos. A imagem, logo posta nas redes sociais, ganhou o mundo. O que mostra que qualquer cidadão pode ser um fiscal da polícia. A repercussão do ato também, seguramente, fará com que um policial pense mais ao fazer uma intervenção.
Outro fato surgido na esteira do episódio de Mineapolis foi o movimento revisionista de derrubada de estátuas de figuras históricas. E a história precisa ser compreendida de acordo com os valores de sua época. Até pouco tempo atrás, as touradas eram vistas na Espanha como um belo espetáculo, em que o toureiro, ao matar o touro, decepar sua orelha e entregá-la a sua amada na platéia, se tornava um herói. Hoje as pessoas se dão conta do absurdo e não se aceitam mais esta tortura com o animal. Assim como hoje não se aceita mais a escravidão e o racismo, que eram algo “natural” séculos passados. Então, é preciso entender as pessoas sob os valores da época. Mesmo assim, pode-se compreender a ação dos manifestantes em Bristol, na Inglaterra, que arrancaram e jogaram no rio a estátua do mercador de escravos Edward Colston. Mas, não se pode aceitar a pichação da estátua de Winston Churchill sob acusação de racista. Ele foi um dos maiores expoentes da luta contra o nazi-fascismo e, como tal, um dos responsáveis pelas liberdades democráticas hoje vigentes na Europa. Se analisarmos com mais profundidade, qualquer figura história homenageada em uma estátua sempre tem quem a idolatre e quem a conteste. Exemplo próximo: Bento Gonçalves, cuja estátua cintila garbosamente na avenida João Pessoa em Porto Alegre. Visto pela maioria como nosso herói farroupilha. Mas, para uns, um ladrão de gado que queria a secessão.