Desde Adolfo Suárez a direita espanhola não tinha uma liderança de expressão. Esta parece estar surgindo agora com a eleição para a prefeitura de Madri, realizada nesta terça-feira. E esta liderança conservadora é Isabel Díaz Ayuso, de 42 anos, que já fora prefeita da capital espanhola, porém, renunciara ao cargo por discordância com seu parceiro de coligação, o Ciudadanos, que por sinal não conseguiu os 5% necessários dos votos para ter representação no parlamento municipal. A ex-jornalista espanhola ganhou de lavada a eleição para o governo de Madri. Na Espanha, seu cargo se chama presidente da Comunidade de Madri, a área da capital e mais cidades dos arredores.
O resultado incontestável da candidata conservadora na capital espanhola deve projetá-la como uma das principais forças políticas nacionais. Durante a campanha, dominada pela pandemia, ela apostou no cansaço da população com as restrições e quarentenas e atacou o governo central por prejudicar Madri. Definindo-se como libertária, determinou limites menos rígidos a bares e restaurantes, sob o argumento de que seria inviável fechá-los antes das 23h numa cidade conhecida por seus hábitos noturnos.
A vitória de Isabel Díaz Ayuso foi tão contundente que seu Partido Popular passou de 30 para 65 cadeiras. Reflexo de sua plataforma de romper com lockdown e fazer a capital voltar a produzir. Com seu estilo aguerrido e de pronunciamentos fortes, ela tem provocado ojeriza nas fileiras que vão do centro-esquerda até a extrema-esquerda, sendo chamada de fascista. E ela se ufana disto, dizendo que se esses setores ficam revoltados é porque ela está fazendo a coisa certa.
O fato é que, com sua luta pela reabertura do comércio e outras atividades na capital espanhola, ela somou muitos pontos junto a esses setores, que retribuíram homenageando-a com produtos que vão desde uma cerveja que leva sua foto no rótulo, como pratos de comida como o “calamares a Ayuso” que vem acompanhado de dois ovos. Ela disse que entrou para o PP, Partido Popular, conservador por excelência, “porque gosto de transformar e reformar as coisas. Mais reformar, eu diria”. Com isto, inquestionavelmente, Isabel Díaz Ayuso vai alicerçando sua caminhada para se tornar em um futuro próximo a candidata do PP ao posto de primeiro-ministro.