Os Estados Unidos vivenciaram nesta semana mais um massacre em escola. Desta vez na pequena Parkland, na Flórida, com 17 mortos. Algo que vem se repetindo cada vez com maior freqüência no país. Acaba sendo falados os casos mais contundentes, como o massacre de Columbine em 1999, o de Virginia Tech em 2007 e o massacre de Sandy Hook, uma escola de ensino fundamental de Connecticut, onde 20 crianças de seis e sete anos morreram em 2012. Porém, de acordo com Shannon Watts, fundadora da Moms Demand Action, uma organização que luta contra a proliferação de armas de fogo, este é o 291º ataque a tiros de uma escola desde o começo de 2013. E somente neste ano é o 18º. Segundo a Everytown for Gun Safety, outra organização de controle de armas, há praticamente um tiroteio por semana em uma escola. E relaciona vários casos, a começar por um ocorrido em Kentucky a 23 de janeiro, em que um rapaz de 15 anos matou um outro rapaz e uma moça, ambos da mesma idade dele. E cita ainda uma série de outros fatos em que só houve um morto ou apenas feridos.
Estes fatos estão demandando uma intensa mobilização nas escolas em busca de segurança, porém, deixam algumas indagações sobre situações contraditórias no país. Na escola não pode haver armas, porém, um rapaz de 18 anos, que por lei não pode comprar uma bebida alcoólica, pode comprar um fuzil AR 15, arma usada pelas forças armadas que, segundo consta, pode disparar até100 tiros por minuto.
A arma faz parte da cultura norte-americana. Todo cidadão tem direito de andar armado para se defender. No entanto, não há o mínimo controle sobre quem compra. Depois de mais um dos massacres em escolas, o então presidente Barack Obama estabeleceu uma norma pela qual, ao comprar uma arma, o cidadão deveria se identificar e a empresa vendedora fazer uma busca sobre seus antecedentes. Esta norma foi revogada por Donald Trump que, antes de lançar-se à presidência, defendia um controle de armas, porém, depois de candidato passou a defender o uso indiscriminado.
A mudança de postura de Trump se deu, logicamente, pelo apoio que recebeu da poderosa Associação Nacional do Rifle. Organização que gastou mais de 50 milhões de dólares na última eleição em apoio a congressistas, a maioria de republicanos, logicamente. Com isto, mais da metade dos integrantes do Congresso, que significa deputados e senadores, ganhou alguma ajuda da NRA. Torna-se, portanto, difícil mudar a atual situação, mesmo com estes terríveis números registrados em escolas.