No dia em que o presidente russo Vladimir Putin anunciou uma trégua de três dias a ser cumprida na guerra que trava contra a Ucrânia, escancarou-se algo que se sabia, mas, que não havia tido ainda uma confirmação oficial: a presença da Coreia do Norte lutando ao lado das tropas russas. E este escancaramento se deu quando Putin anunciou, também nesta segunda-feira, que havia sido retomada a província de Kursk, numa ação que teve a decisiva participação de soldados da Coreia do Norte.
A Ucrânia nega que fora retomada a província que invadira em agosto de 2024, porém, Putin fez um aberto agradecimento ao líder norte-coreano Kim Jong-un e aos soldados do mesmo país “pela participação decisiva na ofensiva que levou à libertação da região de Kursk”. Elogiou ainda “o heroísmo, o alto nível de treinamento e a dedicação dos soldados norte-coreanos, que participaram ativamente dos combates e defenderam nossa pátria como se fosse a deles”.
ALIANÇA
Vê-se, portanto, que a participação norte-coreana ao lado dos russos não é pequena. Tanto que Putin disse que mais de 4 mil soldados norte-coreanos já teriam morrido nos confrontos contra os ucranianos. Por aí pode-se dimensionar que o contingente enviado por Pyongyang não deve ter baixado de 12 mil soldados.
Esta aliança trás um enorme perigo para o mundo ocidental, pois se trata de dois dirigentes inconfiáveis e altamente perigosos. Putin já comprovou isto com a guerra que trava contra a Ucrânia. E Kim Jong-un tem ameaçado constantemente seus vizinhos Japão e Coreia do Sul, com o lançamento de mísseis de longo alcance e capazes de carregar ogivas nucleares. O que lhe valeu o apelido de “Gordinho Fogueteiro”.
BOMBA
E é justamente este aspecto nuclear que preocupa o Ocidente. Kim dirige um dos países mais paupérrimos do mundo, mas, está determinado a produzir a bomba atômica. E a Rússia de Putin poderia ser o apoio que lhe está faltando para tal. É de se imaginar que tipo de acordo fora feito entre os dois dirigentes para levar Kim a mandar seus soldados para morrerem na Ucrânia, numa guerra que não tem nada a ver com seu país.
Evidente que tem que ter sido algo de muito interesse para a Coreia do Norte. Viria coroar os esforços que a dinastia Kim vem desenvolvendo há anos, passando de pai para filho o sonho de se tornar potência nuclear. Algo que tem o total apoio das Forças Armadas do país. Basta observar o entusiasmo dos militares demonstrado nas imagens que são feitas a cada lançamento de um foguete pelo país.
TRÉGUA
Já quanto à trégua na guerra com a Ucrânia, anunciada por Putin, é para vigorar de 8 a 10 de maio, quando se celebra o Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. E aqui é preciso fazer uma ressalva de que a Rússia teve um papel fundamental naquela guerra, para livrar o mundo do nazismo comandado por Hitler.
E Putin não perde oportunidade, para dizer que serão celebrações “da vitória da União Soviética e seus aliados contra a Alemanha nazista”. Ou seja, aproveita para lembrar da União Soviética, que ele tem lamentado profundamente sua desintegração, colocando-a à frente dos demais aliados. Aliás, as ações que Putin vem desenvolvendo visam colocar a Rússia novamente à frente de uma aliança regional de países.
MEDIAÇÃO
Porém, fazer uma parada e logo retomar a guerra contra a Ucrânia é algo sem cabimento. Por que não estabelecer uma trégua agora, de pelo menos 30 dias, para as partes sentarem-se a uma mesa de negociação? A propósito, o presidente norte-americano Donald Trump há muito que está pretendendo ser o mediador desse conflito. O problema é que seu posicionamento só favorece a Rússia e significa uma rendição da Ucrânia.
De qualquer forma, fica a curiosidade sobre o que foi a conversa que tiveram Trump e Zelensky, por ocasião do funeral do para Francisco, quando sentaram-se frente à frente em uma das dependências do Vaticano. Isto porque Zelensky disse que “o diálogo fora produtivo”. Porém, fica a dúvida sobre essa produtividade, pois, os dois dirigentes tinham combinado de voltar a se reunir mais tarde e depois cancelaram o encontro.
Assim é que, em meio a este impasse, o que cresce é a preocupação da altamente perigosa aliança de Vladimir Putin com Kim Jong-un.