O Irã, antiga Pérsia, até 1979 era um país aberto e ocidentalizado. Governado pelo xá Mohamed Reza Pahlevi, era um importante aliado dos Estados Unidos na região. Mas era também um país voltado para a religião, o Islã, se constituindo na maior nação adepta da corrente xiita. Tínhamos aí dois fatores que se chocam. A reação à ocidentalização veio dos líderes religiosos, os aiatolás. E um deles, Ruollah Khomeini, liderou, através do exílio em Paris, o movimento que acabou resultando na queda do xá. Grupos liberais e de esquerda se uniram aos aiatolás para a derrubada do regime, na ilusão de que marchariam para uma democracia. No entanto, saíram de uma monarquia autocrática para uma república islâmica teocrática.
O país fechou-se para o mundo. Presidentes foram eleitos, mas quem mandava eram os aiatolás. Dentre os presidentes, um ajudou ainda mais na radicalização, Mohammad Ahmadinejad, aquele que negou o Holocausto. O país só começou a mudar com a posse do atual presidente Hasan Rowhani, mais moderado, porém, o poder real continuou sendo do sucessor de Khomeini, o aiatolá Ali Khamenei. Foi Rowhani que conseguiu o acordo com o Ocidente para a inspeção de seu programa nuclear, que era o fator de sanções econômicas implantadas pela ONU.
Mesmo enfraquecido economicamente, pelas sanções e pela queda no preço do petróleo, o país muçulmano xiita seguiu uma política de ingerência na região, numa disputa com a Arábia Saudita, muçulmana sunita. Ações na Síria, Iêmen e Líbano implicaram em altos gastos militares, o que debilitou ainda mais a já enfraquecida economia. E quando arde no bolso vem a chiadeira. Ainda mais numa nação composta majoritariamente por jovens, principais vítimas do desemprego, cujo índice em algumas regiões chega a 40%. Já há anos existe insatisfação quanto à economia, em uma população com baixo poder de compra e crescente percepção de corrupção. A esperança era de que com o levantamento das sanções em função do acordo nuclear os investidores voltassem e a situação melhorasse. No entanto, Donald Trump está querendo denunciar o acordo, o que faz com que haja uma contenção dos possíveis investidores.
O fato é que parte do povo foi para as ruas, protestou, houve mais de 20 mortos, e no fim o regime conseguiu se impor e ganhar o apoio de outra parte da população que foi para as ruas em seu apoio. Ou seja, nada mudou no país.