Colômbia e Venezuela estão seguindo em rumos opostos. O primeiro da conciliação e o segundo da confrontação. Marcante o ato celebrado esta semana em que os guerrilheiros da Farc entregaram mais de 7 mil armas ao representante da ONU, para serem destruídas e transformadas em esculturas, simbolizando a paz que chega depois de mais de 50 anos de confrontações e mais de 200 mil mortos. Ainda faltam alguns pontos importantes do acordo, como definir os guerrilheiros que ficarão livres e a constituição do tribunal que irá julgar os demais, São cerca de 5 mil que ainda estão em acampamentos. Mas, o importante é o que disse o líder guerrilheiro Rodrigo Lodoño, o Timochenko, que “as Farc passam a existir como organização política”. Que é onde sempre deveriam ter estado.
Já na Venezuela vê-se a cada dia um retrocesso maior em termos de democracia. Nicolas Maduro atenta contra a própria Constituição bolivariana, aprovada sob Hugo Chávez em 1999, ao convocar uma Assembleia Constituinte sem que isto passe por uma consulta popular. A intenção, lógico, é criar um organismo aparelhado e destituir a atual Assembleia que é dominada pela oposição. Maduro já tentou calar o Parlamento usando outro organismo aparelhado que é o Tribunal Supremo de Justiça. Ação que foi denunciada pela procuradora geral da Venezuela, Luiza Ortega Diaz. Ela era uma chavista, porém se indignou com tudo o que está acontecendo no país e se tornou uma voz forte contra Maduro, a quem acusou de impor o terrorismo de Estado por meio dos militares e do TSJ. A retaliação foi imediata, com o TSJ passando suas atribuições para outra pessoa, proibindo-a de deixar o país e congelando suas contas e bens.
Os protestos completaram esta semana três meses e já são mais de 80 mortos nas manifestações, pela repressão das forças de segurança. Os militares foram cooptados pelo chavismo com altos proventos e altos cargos nas estatais. Porém, esta semana transpareceu o racha com a ação do helicóptero da Polícia Científica que sobrevoou o palácio Miraflores, sede do governo, e mais o TSJ e o Ministério do Interior e justiça. O piloto, identificado como Óscar Perez, divulgou um vídeo dizendo que pertence a uma coalizão cívico-militar que luta contra a tirania. Maduro, como sempre, credita tudo a uma conspiração liderada pelo “imperialismo yankee”. Porém, o que mais chama a atenção é a declaração de Maduro: “Se a revolução bolivariana for derrotada, o que não conseguimos pelo voto, tomaremos pelas armas”. Ou seja, decretou o fim do respeito aos preceitos democráticos.