Em um período de apenas 48 horas o peso argentino perdeu 20% frente ao dólar norte-americano. No total, perdeu 50% e os juros foram elevados a 60%. Reflexo de uma crise que não é só do país. Atinge outros emergentes também, como Brasil e Turquia. Mas, os problemas para o presidente Maurício Macri são mais graves. Ele tem de volta uma inflação que chega novamente ao mesmo índice que herdou de Cristina Kirchner: 30%.
Isto para um país que tem a sua economia dolarizada, pois não se vende um imóvel que não seja avaliado na moeda norte-americana. E um país que já teve a ilusão de que sua moeda, o peso, tinha o mesmo valor do dólar. Isto, durante o governo de Carlos Menem (1990-1999). Porém, quando chegaram à conclusão de que isto era uma ilusão, o preço foi caro. O país teve sete presidentes no período de um mês e praticamente quebrou. Depois vieram os Kirchner que deram o calote nos credores internacionais, levando ao vexame de ver um navio argentino ser retido em porto da África para pagamento da dívida. Os populistas resolveram usar o dinheiro para programas sociais, subsidiando tudo, até transmissão de futebol pela TV, e afundaram mais o país.
Hoje, a conta está cara. Macri teve que apelar ao FMI, pedindo empréstimo de 50 bilhões de dólares. E, neste caso, vêm as medidas de austeridade, como redução dos gastos públicos, demissões de funcionários, redução da máquina administrativa e taxação sobre as exportações. A reação a isto também já se sabe: protestos populares. A população está casada de tarifaços, de medidas como o corralito e de promessas não cumpridas. A realidade é o desemprego e a perda do poder aquisitivo. A poderosa CGT, Confederação Geral do Trabalho, já marcou uma greve geral para o dia 25 próximo.
E o detalhe é que a ex-presidente Cristina Kirchner não consegue faturar encima do aparente fracasso de Macri, pois está envolta em acusações de corrupção. Já teve que prestar vários depoimentos à Justiça, especialmente, depois de serem revelados os chamados “cadernos da corrupção”, que teriam, detalhadamente, todas as negociatas feitas por ela, seu marido e seus parceiros de governo e de negócios. Enfim, assuntos não faltam para a composição de um bom tango.