Se internamente nos Estados Unidos Donald Trump vai surfando nos números positivos da economia, na parte política ele enfrenta mar revolto. Só nesta semana ele recebeu duas más notícias e ainda bateu de frente com um importante membro de seu gabinete. As coisas se complicaram na terça-feira, quando seu ex-advogado, Michael Cohen, admitiu crime eleitoral. E pioraram quando seu ex-diretor de campanha eleitoral Paul Manafort recebeu condenação por oito crimes de fraude fiscal e bancária. Como se não bastasse, Trump resolveu acusar o seu secretário da Justiça, Jeff Sessions, de não estar fazendo nada para frear o inquérito que investiga a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
Cohen, que fez delação premiada, admitiu que pagou a duas mulheres com as quais Trump teve relações extra-conjugais, para que as mesmas não influenciassem no processo eleitoral. Foram 130 mil dólares para a atriz pornô Stormy Daniels e mais 150 mil dólares para a ex-modelo da Playboy Karen McDougal. Ou seja, comprou o silêncio de ambas, usando verba considerada de campanha eleitoral. Já em caso levado adiante pelo procurador especial Robert Mueller, a corte da Virgínia condenou o ex-diretor de campanha por oito crimes de evasão fiscal, fraude bancária e ocultação de contas em bancos estrangeiros. A sentença de Manafort deve sair em novembro e a expectativa é de que ele deva passar pelo menos uma década na cadeia.
Diante dos avanços das investigações sobre a interferência russa nas eleições, Trump resolveu bater de frente com o seu secretário da Justiça, por entender que o mesmo não está fazendo nada para bloquear esse inquérito. “Um secretário de Justiça que nunca teve o controle sobre o Departamento de Justiça”, segundo Trump. Mas, então não seria o caso de demiti-lo ao invés de ficar batendo boca. Teve que ouvir de Sessions que: “Enquanto eu for secretário, as ações do Departamento de Justiça não serão influenciadas de forma inapropriada por considerações políticas”.
Diante do que está acontecendo já se fala em impeachment de Trump. Algo que estaria embasado no fato de suas tentativas de obstruir a Justiça. Onde se inclui a demissão do diretor do FBI James Comey. Para isto, no entanto, o pedido teria que ser encaminhado ao Congresso, onde precisaria de aprovação por maioria simples na Câmara dos Deputados e por dois terços no Senado. Como o Partido Republicano é majoritário nas duas casas, torna-se difícil a aprovação. Um quadro que pode mudar a partir das eleições novembro próximo.