Guam é uma pequena ilha do Pacífico, situada a leste das Filipinas e a 3.400 quilômetros de distância da Coreia do Norte. Tem uma população de 163 mil pessoas, na sua maioria pertencente ao grupo indígena chamorro, nativo do local. Foi conquistada pelos EUA à Espanha na guerra travada em 1898, ocasião em que os espanhóis também perderam as Filipinas e Cuba. Na sua parte mais larga a ilha tem cerca de 20 quilômetros, porém seu litoral é pontilhado de maravilhosas praias, fator de grande receita pela crescente atividade turística. Um terço da ilha, porém, é ocupado por bases marítima e aérea dos Estados Unidos, onde estão cerca de 6 mil militares. E todos que vivem ali, portanto, militares ou civis,são cidadãos norte-americanos.
Isto quer dizer que, se a Coreia do Norte atacar a ilha, conforme está prometendo seu líder Kim Jong-un, estará atacando um território dos Estados Unidos. Fator, lógico, para uma retaliação. Em meio à situação tensa, Kim promete “se vingar mil vezes dos EUA”, por terem tomado a iniciativa das sanções econômicas que foram aplicadas pela ONU. E Trump promete responder com “ira e fogo”. Nesta quinta-feira os norte-coreanos anunciaram plano para o lançamento de quatro mísseis contra a ilha, tendo dado detalhes do percurso dos mesmos, tempo de vôo e onde irão cair. Fica a indagação se isto é uma ameaça pra valer ou é um blefe para numa negociação Pyongyang conquistar algumas compensações, como já fez em ocasiões anteriores.
Quem exerce papel preponderante nessa crise é a China, que sempre teve grande influência sobre a Coreia do Norte. O governo chinês disse que perderá com as sanções impostas a Pyongyang, mas que as apóia, buscando, como os demais envolvidos, fazer com que parem com os testes nucleares. De um modo geral, Pequim tem clamado pelo uso da razão. Até porque, sabe que também sofrerá as consequências de um conflito na região. Porém, o jornal Huanqiu Shibao, na sua edição em inglês, diz que se a Coreia do Norte atacar primeiro e os EUA contra-atacarem, a China se manterá neutra. Porém, se EUA ou Coreia do Sul atacar primeiro, a China irá impedi-los. O problema numa guerra é sempre saber quem atacou primeiro.