Tendo sido consagrado pelo Colégio Eleitoral como presidente eleito dos Estados Unidos Joe Biden está tratando de montar seu gabinete, o qual, pelo que dá a demonstrar, não dará motivo de contestação por nenhuma entidade de defesa das minorias. A começar pela machista área econômica, haverá pela primeira vez uma mulher à frente da Secretaria do Tesouro. Será Janet Yellen, de 74 anos, que tem uma bagagem respeitável na área, pois foi presidente do Fed, o Banco Central americano, de 2014 a 2018. Mas, não será só ela. Toda área econômica será dominada por mulheres. A chefia do Conselho Econômico será de Cecilia Rouse, negra, que foi membro desse mesmo conselho no governo de Barack Obama. Para vice-secretária do Tesouro, Adewale Adeymo, e para a chefia do Escritório de Orçamento da Casa Branca, Neera Tanden. O grupo terá a missão de recuperar a economia dos EUA após a crise gerada pela pandemia, que afetou milhões de empregos e matou cerca de 270 mil pessoas.
Ainda no que toca às mulheres, Avril Haines será a primeira como diretora de Inteligência Nacional. Já Alejandro Mayorkas será o primeiro latino e imigrante a ocupar a chefia da Secretaria de Segurança Interna e Jake Sullivan, o mais jovem a assumir o posto de assessor de Segurança Nacional, aos 43 anos. Mulher e negra, a diplomata Linda Thomas-Grenfield ocupará o cargo de embaixadora dos EUA no ONU. A deputada pelo Novo México e membro da comunidade Laguna Pueblo, Deb Haaland, será a primeira americana indígena a ocupar a chefia da Secretaria do Interior. Terá a missão de supervisionar os recursos naturais do país, incluindo parques nacionais, locais de petróleo ou gás, e terras nativas onde vivem 578 tribos reconhecidas pelo governo federal.
O general reformado Lloyd Austin, 67 anos, negro, deve ocupar o cargo de secretário de Defesa, responsável por comandar todo o aparato militar dos EUA. Será o primeiro afro-americano a assumir esse cargo na história do país. Austin foi comandante das forças americanas no Iraque entre 2010 e 2011, quando Biden era vice de Barack Obama. E a comunidade LGBT foi contemplada com a indicação de Carlos Elizondo, um homem abertamente gay, como novo secretário social da Casa Branca. Até o momento, Elizondo é o oficial abertamente gay de mais alto escalão nomeado na nova administração do governo americano. A chefe de gabinete assumidamente lésbica da vice-presidente eleita Kamala Harris, Karine Jean-Pierre, também está sendo especulada para assumir o cargo de secretária de imprensa da Casa Branca, um dos mais importantes do país e do governo.
Enfim, como se observa, um gabinete com múltiplas representações. É preciso ressaltar, no entanto, que, conforme determina a lei americana, todos os indicados precisam ter seus nomes aprovados pelo Senado. No caso do secretário da Defesa haverá ainda outro fator a ser analisado. A lei diz que o cargo deve ser ocupado preferencialmente por um civil. Mas, no caso de militar, que esteja na reserva há pelo menos sete anos. O que não é o caso de Austin.