A partir deste sábado (23) tudo pode acontecer na Venezuela. Afinal, é a data estabelecida pelo auto intitulado presidente Juan Guaidó para a entrada no país da ajuda humanitária internacional. Ajuda esta reunida pela mobilização dos Estados Unidos e os mais de 50 países que reconheceram o governo de Guaidó, onde se incluem Brasil e Colômbia. Dois países que tiveram fechada sua fronteira com a Venezuela por determinação de Nicolás Maduro, aquele que se diz presidente, mas que tem a sua eleição contestada pela maior parte da comunidade internacional.
Embora estejam fechando no objetivo de destituir Maduro, Brasil e Colômbia têm atitudes diferentes no que toca ao apoio dos Estados Unidos e ao cerco humanitário ao regime bolivariano. No território colombiano estão estabelecidas forças americanas, sendo que em Cúcuta, onde está concentrada a ajuda, estão cerca de mil militares norte-americanos. Aliás, a presença de forças dos EUA na Colômbia já se dá desde 2002, no governo de Álvaro Uribe, quando foi deflagrado o Plano Colômbia de combate ao narcotráfico. Os EUA estavam pedindo para que o Brasil usasse a força militar para entregar a ajuda humanitária à Venezuela e queriam também que soldados americanos participassem da operação. O governo brasileiro negou as duas coisas.
Como disse o vice-presidente Hamilton Mourão, o Exército brasileiro é uma força de defesa. Entrar em território venezuelano, mesmo para levar alimentos e medicamentos, poderia ser visto como uma violação territorial e fator de desencadear um conflito armado. Daí a decisão de levar os carregamentos até a fronteira e esperar que caminhões venezuelanos, com motoristas venezuelanos, venham buscar. O Palácio do Planalto quer a destituição de Maduro, mas torce que isto venha a acontecer pelo desgaste do ditador, sem conflito armado.
Já quanto à Colômbia não se pode ter a mesma certeza, tendo em vista a presença de forças americanas e a intenção de Washington de ver Maduro apeado do poder o mais rápido possível. Na medida em que bloqueou suas fronteiras, Maduro isolou o seu país do mundo, pois até os negócios ficam prejudicados. Ao mesmo tempo está dando munição para que, num caso mais extremo, os EUA consigam aprovar na ONU uma intervenção de uma força internacional, logicamente, sob sua liderança.