Neste ano próximo de 2020 deve ocorrer o leilão de tecnologia 5G no Brasil. Trata-se da próxima geração de telefonia, que, segundo informações técnicas, é dez vezes mais rápida que a atual e essencial para a nova forma de recepção de televisão, para o avanço de carros autônomos e para projetos de inteligência artificial. Pelo tamanho territorial e de mercado que o Brasil representa, o país tornou-se alvo de uma disputa entre as duas potências que travam hoje a maior guerra econômica mundial: China e Estados Unidos.
Para tentar dominar este mercado e estender a sua influência pela região, ambos os países estão acenando com programas específicos de investimentos que abrangem áreas de infraestrutura, com ênfase para energia e telecomunicações. Os EUA apresentam o programa Growth the Americas, cuja tradução ficou América Cresce. A China vem com a Belt and Road Iniciative, Iniciativa Cinturão e Rota ou simplesmente a Nova Rota da Seda. Nesta semana veio a informação de que o governo brasileiro aguarda apenas uma parecer jurídico do Ministério da Economia para aderir à iniciativa norte-americana.
Os Estados Unidos acenam com investimentos privados no Brasil e na América do Sul, com recursos de diversas agências americanas, como a Corporação Internacional de Financiamento para o Desenvolvimento, criada no governo Trump para financiar projetos estratégicos em política externa. Todavia, não foi informado qual o montante disponível para a região. Sabe-se que o orçamento da agência é de 60 bilhões de dólares. Um valor muito pequeno para competir a BRI chinesa, que tem um total de um trilhão de dólares para aplicar ao longo de dez anos. Durante a reunião dos Brics em novembro, em Brasília, o presidente Xi Jinping colocou à disposição100 bilhões de dólares de fundos estatais chineses para investimentos no Brasil.
O objetivo de Pequim é fazer com que a chinesa Huawei seja a vencedora da concorrência sobre 5G. Os EUA querem evitar a todo custo o avanço no Brasil e na região da chinesa, que tem como concorrentes a sueca Ericsson e a islandesa Nokia. O problema dos americanos, no entanto, como disse em entrevista ao Financial Times o presidente da sua agência financiadora, Adam Boehler, “não é, simplesmente, não comprem a Huawey e ponto final. Precisamos de uma alternativa eficiente e viável”. E justamente isto que se percebe, a inexistência de uma alternativa à Huawey. Enquanto isto, o Brasil fica em meio ao fogo cruzado de americanos e chineses.