A data para que o Reino Unido deixe a União Europeia está aí, 29 de março. Nesta semana o Parlamento britânico decidiu que o divórcio não pode ser litigioso. Ou seja, a saída não pode ser sem um acordo. Mas, será possível conseguir em menos de duas semanas algo que não foi conseguido ainda desde junho de 2016? Naquela ocasião houve a votação pelo Brexit, cuja sigla é a composição de British, povo inglês, e exit, saída. Como a conclusão de que isto é quase impossível, foi decidido pedir mais um tempo à União Europeia. Pelo menos até junho. Isto, no entanto, vai depender da concordância unânime dos 27 países integrantes da Comunidade. O que, convenhamos, é, no mínimo muito, difícil, para não dizer impossível.
Ocorre que o Brexit vem pautando por uma série de erros desde o seu início. A começar pelo fato de que o então primeiro-ministro David Cameron resolveu colocar o tema em votação popular apenas para fazer proselitismo, pois estava convicto que haveria uma votação maciça pela permanência na União Europeia, aliás, conforme aconteceu em Londres. Megalopole onde estão os grandes negócios e as grandes interações com a Europa. Não contava com o conservadorismo do interior, cuja preocupação maior era com a entrada de estrangeiros no país. Nem tampouco contava com um contingente de parlamentares que se deixou contaminar pelo nacionalismo exacerbado que ressurgiu em alguns cantos da Europa.
Há que considerar ainda que uma boa parte das pessoas que votaram pela saída da União Europeia foi se dar conta dos prejuízos só depois da votação. Quando perceberam que não poderiam mais circular e trabalhar livremente em qualquer um dos 27 integrantes da Comunidade. De que grandes empresas europeias iriam retirar suas instalações de Londres e transferi-las para outros países. Que a Escócia, que votou pelo “sim”, poderia ver crescer o movimento separatista. E que a única fronteira terrestre com a UE, que é entre a Irlanda do Norte e a república da Irlanda, seria fechada, podendo fazer ressurgir ali a violência que por anos a fio envolveu católicos e protestantes, com inúmeros atentados praticados pelo IRA, o Exército Republicano irlandês.
Diante de todas estas contestações era de se esperar que fosse aprovada a realização de um novo plebiscito. Algo que foi submetido à votação nesta quinta-feira e mais uma vez foi rejeitado. Prevalece a fleuma britânica: decisão tomada não se muda. Mesmo que isto tenha deixado o país encurralado.