Com o discurso de aceitação de candidatura por parte de Joe Biden o Partido Democrata encerrou nesta quinta-feira sua convenção nacional com vistas à eleição presidencial de novembro. Biden prometeu levar “luz em época de escuridão”, no que, no seu entender, seria o momento que os Estados Unidos estão vivendo sob Donald Trump. Embora tenha dito que o atual presidente cobriu o país de “muita raiva, muito medo e muita divisão”, seu discurso até que foi um dos mais moderados partidos dos representantes democratas ao longo da semana. O ex-presidente Barack Obama, por exemplo, rompeu com uma tradição norte-americana de um ex-presidente não acusar o que está no cargo, ao responsabilizar Trump pelos “170 mil americanos mortos e milhões de empregos perdidos”. Ora, por mais que Trump possa ser criticado por sua postura diante da pandemia, não se pode imputar a ele a culpa pelo ocorrido. Senão ter-se-ia que fazer o mesmo com a alemã Ângela Merkel, com o francês Emmanuel Macron e por aí afora. Afinal, a morte, em maior ou menor escala, espalhou-se pelo mundo. Porém, o uso político do Covid19 tornou-se uma constante por várias partes, inclusive aqui no Brasil.
E, como no Brasil, a divisão entre direita e esquerda vai se acentuando também nos Estados Unidos, onde a diferença de posições entre os partidos Republicano e Democrata era mínima. Hoje, acentuou-se. Os democratas conseguiram colocar como candidatos dois expoentes moderados: Joe Biden e sua vice Kamala Harris. Mas estes estão sob pressão de alas mais radicais à esquerda que vêm ganhando força, especialmente, entre os jovens. Seus dois maiores expoentes são, um veterano, o senador Bernie Sanders, de 76 anos, que já concorreu duas vezes pela indicação de candidato à presidência e Alexandria Ocasio Cortêz, a mais jovem integrante da Câmara dos Representantes. Esta, com posições que aqui no Brasil se assemelhariam às do PSOL. Assim, para contentar esse eleitorado, não só Obama, mas também sua mulher Michele, assim como Kamala e outros, fizeram pronunciamentos fortes contra Trump.
O presidente tem contra si, além dos casos e mortes pela pandemia, a queda acentuada da economia e os protestos anti-racismo que proliferaram desde a morte do segurança negro George Floyd por um policial branco. Além disto, figuras republicanas de expressão como o ex-secretário de Estado de George W. Bush, general Colin Powell, o ex-governador de Ohio John Kassich, e o ex-secretário da Defesa do próprio Trump, general Jim Mattis, abriram seu voto para Biden. O curioso é que, mesmo diante de todas essas adversidades, as pesquisas que há um mês apresentavam uma vantagem de 15 pontos percentuais para Biden frente a Trump, nesta semana, segundo a CNN, apresentam apenas 4 pontos de vantagem: 50% contra 46%. E, sabendo-se o que ocorreu em 2016, quando Hillary Clinton estava 16 pontos à frente e perdeu, não se duvida de uma reviravolta de Trump. Por isto os democratas o atacam com tanta força.