O Grande Palácio do Povo em Pequim sediou esta semana a 13.ª Assembleia Popular Nacional da República Popular da China. Trata-se da reunião do supremo órgão consultivo político chinês, liderado pelo presidente Xi Jinping. Em meio a um processo de desaceleração de sua economia, a China traçou as metas para o ano, projetando que terá um crescimento entre 6 e 6,5%. Um percentual dos sonhos para um país como o Brasil, porém, baixo para os chineses, que ao longo da última década tiveram uma média de crescimento que beirou os 10%. O desemprego deve ficar em torno de 5,5%, a inflação em 3% e geração de novos empregos deve envolver 11 milhões de pessoas, especialmente nos grandes centros.
A assembléia se dá em meio à guerra comercial com os Estados Unidos e a queixas de empresas americanas e européias de que estariam sendo tratadas de forma desigual. O primeiro-ministro Li Keqiang prometeu igualdade para todos, porém, com aumento para os financiamentos para pequenas e médias empresas chinesas, projetando para as mesmas um crescimento de 30%. E o mais significativo, prometeu maiores investimentos chineses no exterior. O governo chinês, diante da desaceleração de sua economia, estimula suas empresas a multiplicar seus investimentos internacionais, a fim de conquistar mercados, ter acesso a novas tecnologias e garantir o fornecimento de matérias-primas.
E aí, se observarmos o tamanho das empresas que os chineses têm comprado ultimamente, podemos dimensionar quão poderoso está o “Dragão”. Uma das compras mais significativas foi do Waldorf Astoria, o mais tradicional hotel de Nova York, em fevereiro de 2018, por 1,95 bilhão de dólares. Para levar o hotel, foi adquirida a seguradora Anbang que detinha o controle do mesmo. Mais recentemente, a estatal chinesa de química ChemChina adquiriu a multinacional suíça de biotecnologia Sygenta, por 43 bilhões de dólares. A mesma ChemChina comprou a fabricante italiana de pneus Pirelli, por 7,9 bilhões de dólares. Antes disto, a Geely arrematou a sueca Volvo por US$1,8 bilhão. O conglomerado americano General Eletric vendeu seu setor de eletrodomésticos ao grupo chinês Haier, por 5,4 bilhões de dólares.
A lista poderia ir muito mais longe, mas, só para encerrar, ressalto que só no ano passado os chineses produziram e consumiram 28 milhões de veículos, o dobro dos Estados Unidos e 14 vezes mais do que o Brasil. E a chinesa Huawei passou a dominar a nova geração de telefonia móvel 5G, bateu a americana Apple e se tornou a segunda maior fabricante mundial de celulares, ficando atrás apenas da sul-coreana Samsung. Logicamente, que por uma questão de tempo.