Na semana passada a Espanha foi sacudida por uma sentença envolvendo a operação que levou o nome de Gürtel e que mandou para a cadeia o empresário Francisco Correa, condenado a 51 anos de prisão. Estava aplainado o terreno para que esta operação, equivalente à Lava Jato no Brasil, levasse à destituição do primeiro-ministro Mariano Rajoy, o que acabou acontecendo nesta sexta-feira. Rajoy alega que não tem nada a ver com o caso, mas o seu Partido Popular já vinha sendo afetado por este e por outros escândalos, o que o faz ir perdendo apoio do eleitorado, como, aliás, tem acontecido com a maior parte dos partidos tradicionais na Europa. O PP foi condenado a pagar 250 mil euros de multa, considerando que houve caixa dois desde 1989. Luis Bárcenas, que era tesoureiro do partido, recebeu condenação de 33 anos de prisão e multa de 44 milhões de euros.
A trama espanhola envolveu 37 acusados, dos quais 29 foram condenados a penas que somam 351 anos. Estão relacionados aí crimes de fraude, mau uso de verbas públicas, falsificação de documentos, tráfico de influência e mais alguns outros, tal qual conhecemos por aqui. Correa que liderava por lá o esquema, admitiu os crimes e se dispôs a cooperar com a Justiça. Rajoy diz que sai com a convicção de que deixou a Espanha melhor do que encontrou. O que é verdade, pois conseguiu superar a brutal crise de 2008 e tornou a Espanha o país de maior crescimento na Europa, mas é difícil acreditar que ele não tevê nada a ver com as falcatruas. É bem verdade que o período investigado é de 1999 a 2005, portanto, anterior ao seu governo. Mas também é muito difícil que a prática tenha cessado naquela ocasião.
Já a Itália, que realizou eleições a 4 de março, finalmente consegue dar posse a um primeiro-ministro. Giuseppe Conte, de 53 anos, um professor de Direito e sem experiência política, acabou aceitando o convite do presidente Sergio Matarella para assumir o cargo. Matarella não aceitara anteriormente a indicação do mesmo Conte porque este queria levar para ministro das Finanças Paolo Savona, um crítico da União Europeia. Agora ele coloca no cargo o professor Giovanni Tria, que é visto como mais moderado com relação à UE. No entanto, o novo premiê é sustentado pela Liga e pelo Movimento 5 Estrelas, ambos eurocéticos. O que dá a entender que a Itália, que em 70 anos já teve 64 governos, terá muito em breve que escolher um novo governante.