Em outubro de 2016, depois de seis anos de intensas negociações, que contaram com a participação de diversos países, o governo da Colômbia e guerrilha das Farc – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, assinavam um acordo de paz, que colocava fim a mais de 50 anos de luta armada, que deixou mais de 260 mil pessoas mortas e mais de 7 milhões deslocadas de seus lugares de origem. As Farc se tornaram um partido político, sob o nome de Força Alternativa Revolucionária do Comum. Rodrigo Londoño, o Timochenko, antigo líder da organização e que assinou o acordo de paz, foi empossado como presidente e declarou que a organização deixava a guerrilha para atuar como um partido, “dentro dos preceitos da democracia e da lei”.
Pelo acordo, que deu o Prêmio Nobel da Paz ao então presidente colombiano Juan Manuel Santos, foram concedidos subsídios à guerrilha. Os chamados “desmobilizados” receberiam mensalmente durante dois anos 90% do salário mínimo. Depois disto, se estivessem realizando algum curso ou trabalhando em algum projeto comunitário, receberiam mais 8 milhões de pesos colombianos, o que equivale a cerca de R$ 8.900,00. Porém, o ponto mais controverso do acordo, e que mereceu muitas contestações, foi o fato de as Farc terem ficado com o direito de colocar dez representantes no parlamento, cinco na Câmara dos Deputados e cinco no Senado, independentemente de conseguirem ou não eleger esses representantes pelo voto popular.
Pois, na carona dessa benesse, o número dois da guerrilha, Ivan Marques, assumiu como senador. No entanto, parece que a democracia não fez bem para ele. Nesta semana, anunciou que voltava à luta armada. Divulgou um vídeo, feito em lugar não sabido, em que, na companhia de outros dissidentes, era exibida uma faixa que dizia: “Enquanto houver vontade de luta haverá esperança de vencer”. O no pronunciamento disse que o movimento era “pelo direito de levantar-se em armas contra a opressão”.
Aí é de se perguntar, que opressão? Num país em que imperam as liberdades democráticas! Onde o seu partido ganhou de “mão beijada” dez cadeiras no Parlamento! O espelho para ele deve ser a Venezuela, com o “sucesso” do regime lá vigente. Aliás, um regime que estaria dando guarida para os dissidentes colombianos. Mas, há razões maiores para a decisão. Ao depor as armas os guerrilheiros tiveram que trabalhar para ganhar seu sustento. Deixaram de receber o dinheiro fácil do narcotráfico, a quem davam guarida. Assim, é mais fácil voltar àquela atividade, assim como à exploração clandestina de minas. Tudo em nome da “defesa do povo oprimido”.