Tendo em vista problemas que paralisaram o site, deixei de completar o Diário da Rússia. Assim, para quem não acompanhou o tema pelo Correio do Povo, estou publicando em conjunto toda a série de matérias.
DIÁRIO DA RÚSSIA
Jurandir Soares – j.soares@cpovo.net
Do nosso aeroporto ao “Sol da Meia-Noite”
Que beleza sair de Porto Alegre e chegar direto na Europa. Não precisar passar pela “grande rodoviária” de Guarulhos, em São Paulo. Isto graças ao excelente voo da Tap. Ressalto que não tenho procuração da empresa para fazer propaganda. Até porque, paguei minha passagem. Mas o que é bom precisa ser ressaltado. Em dez horas de um voo tranquilo e com excelente serviço de bordo se chega a Lisboa. Dali, conexão para qualquer parte da Europa, Ásia ou África. No meu caso, para São Petersburgo, na parte europeia da Rússia. Mas, assim como elogio o voo da Tap que estou usando agora, quero ressaltar também as outras opções que temos para sair direto de Porto Alegre, as quais também já usei. Refiro-me às linhas da Copa e da Taca, que nos conectam com toda a América Latina e dali para os Estados Unidos. Pela Copa, foram seis horas e meia de Porto Alegre à cidade do Panamá, uma conexão e em mais seis horas e meia estava em Los Angeles. Pela Taca, foram quatro horas de Porto Alegre até Lima, uma conexão e em mais uma hora e meia estava em Bogotá. Portanto, é muito importante para nós gaúchos preservarmos estes voos. Mas também é muito importante adequarmos nosso aeroporto às condições razoáveis de atendimento. Porque, quanto mais a gente viaja e quanto mais aeroporto conhece, mais sente a defasagem em que nos encontramos. Li pelo Correio do Povo que a neblina mais uma vez fechou o Salgado Filho, algo impensável aqui na Europa.
Mas, voltando ao meu voo atual, de Lisboa passei por Frankfurt e dali para São Petersburgo, em voo que, pelo relógio, entrou noite adentro. Só pelo relógio, pois o “Sol da Meia-Noite”, fenômeno do verão boreal, que tem seu forte de 21 de junho a 21 de julho, ainda se fazia presente, embora de maneira não tão forte. Mas o suficiente para ao aterrissarmos, depois da meia-noite, o dia ainda não ter escurecido por completo e para o horizonte ainda se manter pintado em múltiplos tons de vermelho. Um espetáculo maravilhoso. Sucedido por outro, ao ir do aeroporto para o hotel, que foi vislumbrar os prédios históricos e suntuosos da cidade. Cruzamos pelo célebre Museu Hermitage e, para minha satisfação, meu hotel ficava situado bem próximo do mesmo, ou seja, no centro histórico. Tema para amanhã.
06/08/12
DIÁRIO DA RÚSSIA
Jurandir Soares – j.soares@cpovo.net
Um museu a céu aberto
Ao sair do hotel para conhecer a cidade, já deu para perceber que o título que é dado a São Petersburgo, um museu a céu aberto, se justifica plenamente. Seus prédios são verdadeiras obras de arte. E são conservados com muito esmero. Esta cidade de 5 milhões de habitantes, mantida limpa, construída e inaugurada por Pedro, o Grande, em maio de 1807, envolta pelo rio Neva, junto ao Golfo da Finlândia, é um marco cultural. Impressiona como pode haver tantos prédios suntuosos tão próximos uns dos outros. Numa distância de menos de 500 metros situam-se duas catedrais. Uma, de Kazan, na famosa avenida Nevskiy, é uma réplica da Basílica de São Pedro, do Vaticano, e a outra, de Santo Isaac, projetada pelo arquiteto francês Auguste de Montferrand, e que tem uma cúpula dourada, onde foram consumidos 300 quilos de ouro e é considerada a maior igreja da Rússia. Isto sem contar que nas imediações também se encontra a Igreja de São Salvador do Sangue Derrama, outra obra de rara beleza, construída no estilo bizantino. Prédios que refletem o esplendor da época dos czares e o impulso que a cidade deu para a Rússia. A área territorial foi tomada pela força das armas na guerra com os suecos, para ali ser construída a “Veneza Russa”. Ou seja, uma cidade assentada sobre rios e canais, são 29, e um grande centro cultural, mercantil e de negócios. Foi a porta que a Rússia abriu para o Báltico, com esta cidade que até 1917, data da tomada do poder pelos bolcheviques, foi a sua capital. A propósito, durante o período comunista, e em que a cidade mudou de nome, para Leningrado, os templos religiosos foram fechados, sendo que a catedral de Santo Isaac foi usada como “Museu do Ateísmo”.
Caminhar pelas ruas do centro de São Petersburgo, nome que foi restaurado ao fim da União Soviética, é viajar pela história. Imperdível uma caminhada pela avenida Nevskiy, onde o moderno, formado por bares, cafés e lojas de grifes, convide de forma harmoniosa com o antigo. Exemplo marcante o Gostinyy Dvor, onde está o principal centro comercial da cidade. Um prédio de belas arcadas, construído no século 18. Pouco adiante, a Praça das Belas Artes, reunindo no seu entorno o Museu Russo, o Museu Etnográfico, a Galeria dos Pintores Modernos, o Hotel Europa e o prédio da Filarmônica. Em meio a tudo isto, ainda não consegui falar de política e de economia, para saber como está a situação deste que é um dos integrantes do bloco dos Brics e que até pouco tempo atrás era o grande contraponto aos Estados Unidos. Tampouco falei sobre o Museu Hermitage. Mas este é assunto para amanhã.
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Jurandir Soares – j.soares@cpovo.net
Hermitage explica vitória da revolução
Visitar o Museu Hermitage significa penetrar em dois mundos distintos: o mundo das artes, dos grandes pintores e escultores, e o mundo da opulência, da ostentação, dos czares. Isto porque museu é formado por um conjunto por um conjunto de cinco prédios, que abrigavam a residência de inverno dos czares, o Estado Maior e a galeria de arte, entre outras atividades. Hoje tudo é museu e assim é possível ver obras de Velazquez, Goya, El Grego, Picasso e outros que constituem o maior acervo espanhol fora da Espanha. Mas ali também estão Leonardo da Vinci, Rembrandt, Rubens de outros impressionistas e renascentistas. São tantas as obras, conforme disse a nossa guia Alena, que se a pessoa se detiver por um minuto diante de cada quadro, levará cinco anos para ver todos.
Obras e pintores que foram trazidos ao tempo dos czares. E os artistas da época eram contratados para registrar em seus quadros os personagens do império e suas ostentações. Assim, por exemplo, aparece a czarina Catarina com as vestimentas pesadamente decoradas com ouro. Ou a czarina Isabel, que se orgulhava de jamais ter repetido um vestido. E tudo isto se dava em salões com colunas construídas com mármore de Carrara, lustres com cristais da Boêmia, pisos em madeira trabalhada por artesãos trazidos de onde fosse preciso e tudo carregadamente decorado com ouro. Tudo isto num período em que o povo russo morria nas múltiplas guerras que eram travadas ou morria de fome, por não como comprar o alimento. Por aí se pode entender porque a revolução comunista foi vitoriosa no país.
Cabe ressaltar que o Hermitage sobreviveu a duas guerras. Especialmente durante a Segunda, quando os nazistas prometeram destruir Leningrado, como São Petersburgo passou a ser chamada depois de 1917. O Hermitage tornou-se símbolo da resistência.
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Jurandir Soares – j.soares@cpovo.net
Dos soviéticos aos chineses
Se o Museu Hermitage já explica a Revolução Socialista de 1917 na Rússia, o Peterhof, palácio de verão do czar, referenda esta explicação. Em termos de luxo, ostentação e uso de ouro como decoração, bate fácil o Palácio de Versalles, na França. Até porque o palácio do imperador russo foi construído depois do francês, mas inspirado no mesmo e com o objetivo de superá-lo. Todas as clássicas abóbodas, que completam as torres das edificações russas, são, no caso do Peterhof, revestidas de ouro. O palácio foi parcialmente destruído pelos nazistas durante a Segunda Guerra, mas foi restaurada, para ser preservada a visão da ostentação dos czares.
Hoje os russos têm os czares apenas na história, assim como também o regime comunista que os derrubou. Como a queda da União Soviética é um fato recente, 1991, os jovens não tem lembrança do período comunista e se dizem muito felizes como vivem hoje. Pelo menos isto é o que me relata a nossa guia, Alena, uma moça dos seus 25 anos, profunda conhecedora da história russa, assim como da atual situação econômica do país. Segundo ela, ao abrir-se ao capitalismo, o país abriu também múltiplas oportunidades de trabalho e de negócios. E quem tem destreza vai em frente. Já o motorista Mihail, de 41 anos, se mostra um saudoso do comunismo. Diz que é motorista por contingência, pois é formado em Educação Física e, como tal, gostaria de trabalhar como instrutor ou como treinador. O que não consegue, talvez, porque a Rússia ainda não chegou ao boom de academias como no Brasil. Micha, como gosta de ser chamado, diz que se fosse no tempo do comunismo ele conseguiria um emprego no Estado, fazendo aquilo que gosta.
Embora este seja um tema controverso, o certo é que o comunismo se foi e hoje a Rússia é um país em franco desenvolvimento, fazendo parte do Brics. São Petersburgo, por exemplo, além de incrementar suas indústrias naval, automobilística e de máquinas e implementos agrícolas, investiu fortemente no turismo. Uma atividade que se dá praticamente em apenas três meses do ano, no verão quando a temperatura é amena, em torno de 25 graus na média. No inverno ela chega aos 25, mas abaixo de zero. Na ida do centro da cidade para visitar o palácio de Peterhof deu para constatar a transformação por que passa o país. Primeiro, vê-se os prédios residenciais construídos ao tempo do comunismo. Sóbrios, linhas retas, procurando oferecer o básico para os ocupantes. Um pouco mais adiante, contando com a proximidade do mar, um enorme empreendimento residencial, liderado por chineses. Empreendedores da China que compraram a área, construíram apartamentos mais sofisticados e estão vendendo para os russos.
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Jurandir Soares – j.soares@correiodopovo.com.br
Da história antiga para o “barraco” atual
São Petersburgo é o retrato de uma época em que nobreza e clero impunham sua dominação. Tudo está ali, até hoje, muito presente nos prédios que “contam” a história. Caminhando por suas ruas, de repente, a gente se depara, por exemplo, com o prédio onde foi executado o monge Rasputin, eminência parda dos Romanov. Como, a poucos metros dali, passa-se pela Universidade de São Petersburgo, onde Dmitri Mendeleiev estudou e formulou a famosa Tabela Periódica dos Elementos Químicos. Foi também ali que Lenin teve a sua formação, vindo a liderar o movimento comunista que mudou não só a história da cidade, mas da Rússia e de muitos outros países, que foram absorvidos pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Pois, deixei esta São Petersburgo, que fora projetada para ser a capital da Rússia dos czares, para me dirigir a Moscou, que em 1917 se tornou a capital do império comunista soviético. O fim do comunismo provocou uma transformação, sobre a qual vou contar amanhã. Porque ainda preciso dar um toque no assunto que hoje é dominante em Moscou: a briga de Putin com o grupo de rock Pussy Riot e, por extensão com Madonna. Foi armado o maior barraco pelo fato de o grupo, formado três jovens, ter feito uma oração contra Putin defronte a catedral do Cristo Salvador e o presidente ter mandado prede-las. Enquanto que Madonna, que se apresentava por aqui, saiu em defesa delas e foi tachada de “puta velha” pelo vice-primeiro-ministro Dmitri Rogozin. As três moças, de 22, 24 e 29 anos, serão julgadas no próximo dia 17 e podem pegar até sete anos de prisão. É o velho autoritarismo dos dirigentes russos, não admitindo críticas. Aliás, Putin é considerado o novo czar: vaidoso e autoritário.
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Jurandir Soares – j.soares@correiodopovo.net
Moscou é uma cidade em transformação
A Rússia tem vivido na ambivalência do comunismo e do capitalismo e Moscou é o seu retrato. De dia, a capital do país apresenta ainda um aspecto predominantemente comunista, em função de sua arquitetura. Predominam os prédios de linhas retas, com no máximo oito andares. Ocorre que, para caracterizar bem a diferença de um regime para outro, a Revolução dotou Moscou prédios frios, de linhas retas, sem qualquer requinte, a não ser algumas exceções, como sete prédios que ainda hoje despontam na paisagem da cidade, como os que abrigam, por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores, ou o do Hotel Radisson Royal. Os arredores da cidade ganharam múltiplos prédios residenciais, com apartamentos de 30 a 60 metros quadrados, que eram dados pelo governo para uso da população. E assim se manteve até fins dos anos 1990. Mas à noite a cidade sofre uma transformação. Esses prédios antigos ganharam iluminação que valoriza seus detalhes arquitetônicos, assim como também foram iluminadas pontes, igrejas, monumentos e os novos arranha-céus que despontam no cenário da cidade. É o toque capitalista que dá contornos maravilhosos à cidade. A vista noturna desde o 22º andar do hotel em me encontro é algo deslumbrante.
Durante o dia, a primeira visita é à Praça Vermelha, pois tenho muito presente na memória as imagens, com que trabalhava no jornal, dos desfiles militares que ali eram realizados nas comemorações da Revolução, tendo no alto da muralha do Kremlin as figuras de Leonid Brezhnev, Andrei Gromyko e outros dirigentes soviéticos da época. Ali na sede do governo está o presidente do novo período, da democracia, mas um presidente que é contestado, por autoritário e por ter-se eleito em um pleito que deixou dúvidas sobre sua seriedade. Vladimir Putin trás consigo o ranço de ter sido chefe da KGB, a temível polícia política do regime soviético. Mas os tempos de democracia provocaram não só o surgimento de modernos e enormes edifícios no cenário de Moscou, como também a reconstrução de prédios que foram derrubados pelo regime comunista. Assim, por exemplo, junto à Praça Vermelha, foram resgatadas duas grandes colunas do Museu Nacional de História que haviam sido derrubadas por ordem de Stalin para poder dar passagem aos tanques para desfilar na Praça Vermelha. Na extensão, também fora derrubada a Igreja de Virgem de Karin, situada ao lado. Ambos foram reconstruídos depois do término do comunismo. Porém, a reconstrução mais marcante é a da Catedral do Cristo Salvador, a mesma em que grupo Pussy Riot realizou este semana um protesto contra Putin. Essa catedral, que fora construída em meados do século 18, fora também destruída por ordem de Stalin. Em seu lugar fora feita uma piscina pública. Tão logo caiu o regime iniciou-se um movimento popular, que arrecadou os US$ 200 milhões necessários para reconstruir o templo, nos mesmos moldes em que era antes. Junto foi reerguido o monumento ao czar Alexandre II, o Libertador, pois foi quem acabou com a escravatura na Rússia. Impressiona o tamanho da obra. Aliás, muitas outras igrejas foram reconstruídas no país, enquanto que as estátuas de Lenin foram sendo demolidas. Hoje só resta uma, a maior delas, situada na avenida que ainda leva o seu nome. Ladeando a Praça Vermelha, de frente para o Mausoléu de Lenin, está o edifício GUM, de estilo francês, construído em 1895, portanto, ainda ao tempo dos czares. Os comunistas o haviam transformado num shopping popular. Hoje, abriga lojas das mais caras grifes do mundo.
Transformação semelhante se deu com os carros. Antes existiam só os fabricados no país, que o cidadão para comprar tinha que esperar de sete a nove anos numa fila. Hoje as ruas de Moscou estão inundadas com carros de toda a parte do mundo, mostrando o salto que deu o poder aquisitivo da população. Aliás, este é o ponto positivo atribuído a Putin. Mas que se deve ao petróleo, cujo preço alto ajudou a impulsionar a economia do país, que é um dos maiores produtores e exportadores mundiais. A propósito, falo mais amanhã sobre economia e sobre o porque de o metrô de Moscou ser uma verdadeira obra de arte.
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Jurandir Soares – j.soares@correiodopovo.com.br
Todo mundo é taxista
Chamou-me a atenção o fato de quase não ver taxi em Moscou, uma cidade com 15 milhões de habitantes. Ao indagar para nossa guia Inna, ela respondeu que todos os motoristas são taxistas. Você simplesmente levanta o braço e qualquer um para. Então você negocia o preço. Normalmente, o cliente já diz, te dou tanto para me deixar em tal lugar. E aí é tudo uma questão de acerto. Pedi para fazer o teste. Estava na Praça Vermelha e queria ir para o hotel, que não ficava muito distante. Ela estendeu o braço e, de repente, parou um carrão Mercedes, último tipo. Logicamente que foi ela que negociou o preço falando russo. Resultado, paguei 300 rublos, o equivalente a 10 dólares e fui até o hotel.
Este aspecto é um dado curioso da transição do comunismo para o capitalismo, pois este é um costume já arraigado na cidade. Outra mostra dessa transição constatei à noite. As ruas, bares e restaurantes são repletas de jovens. Nada de velhos ou mesmo pessoas dos seus 50, 60 anos. A explicação é que ao tempo do comunismo os mais velhos não saíam à noite. E por isto continuam não saindo. Agora, a maior herança deixada pelo regime comunista para a cidade é o metrô. É uma surpresa a cada estação, tamanhas as obras de arte. Lustres, candelabros, vitrais, murais, esculturas, etc. Cada uma se destaque por um tipo de manifestação artística. A justificativa é que o regime comunista queria oferecer arte para o povo. Que o proletariado tivesse a seu dispor o metrô mais bonito do mundo. E eles se superaram. Não se vê em metrô algum do mundo tamanha beleza. E em meio às pinturas, molduras, esculturas, etc., a história da transformação produzida pelo comunismo, assim como seus personagens principais. Lenin, Stalin e tantos outros estão ali emoldurados. Menos Trotsky. Este, segundo Inna, foi alijado da história da Rússia.
Hoje, o que se percebe é que os jovens não estão nem aí para o comunismo, porque o país está bombando. Como no Brasil, as classes baixas estão ascendendo e podendo comprar seus eletrodomésticos e até seu carro, todos do último tipo recém lançados no mercado. E não compram mais produtos obsoletos, como eram vendidos no tempo do antigo regime. O país vem num crescendo, graças ao petróleo e aos investidores que vão chegando para explorar setores da economia que estavam adormecidos. Como o turismo, por exemplo. E as marcas americanas chegam em profusão. Hard Rock Café e McDonalds estão por toda parte. Aliás, m e conta Mauro Bedê, jornalista brasileiro que mora há 24 anos em Moscou, que quando o McDonldas chegou a filas viravam quarteirões. Nas margens do rio Moscou está sendo construído um shopping Center de proporções gigantescas, tendo no seu interior uma réplica da Times Square e outra do Rockfeller Center. Apesar do crescimento, ainda há uma substancial diferença entre Moscou e o interior. Enquanto que na capital, que é uma das mais caras do mundo, o salário médio de mil euros, no interior do país a média é de 200 euros.
Com este artigo encerro o Diário da Rússia, pois estou saindo de Moscou e indo para Portugal, onde fica por quatro dias para revisitar Lisboa e saber um pouco sobre a crise no país.
13/08/12
Estou encerrando hoje está visita à Rússia fazendo observações sobre três temas que, por coincidência, todos começam com M. O primeiro é o metrô de Moscou. É uma coisa impressionante. Suas estações são verdadeiras obras de arte. Lustres, luminárias, vitrais, colunas em arco em estilo mourisco, pinturas e painéis que retratam os personagens principais da Revolução de 1917. A explicação para tanta pujança e beleza é de que os dirigentes comunistas queriam que o proletariado tivesse no seu meio de transporte um ambiente de arte. Por isto, se esmeraram em fazer o que queriam que fosse, e realmente é, o metrô mais bonito do mundo. Cabe ressaltar que mesmo agora, depois do término do comunismo, as novas estações que estão sendo feitas obedecem ao mesmo padrão de construção.
O segundo assunto é a moeda. Tanto em São Petersburgo como em Moscou, circulam tranquilamente três moedas: o rublo, que é a moeda russa, e mais o euro e o dólar. Em qualquer lugar, seja loja, restaurante, feira, etc, se paga com qualquer uma destas moedas. O que os russos querem é negociar e facilitar para quem está comprando. Algo que se constitui numa reflexão para nós brasileiros, que temos pela frente dois grandes eventos internacionais, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Não podemos ficar nessa de só aceitar o real.
E por fim, o último tema envolve o m de mulher. É preciso ressaltar: como é linda, charmosa e elegante a mulher russa. Uma festa para os olhos.