Cheguei neste domingo à Itália para iniciar um roteiro que passa por algumas cidades italianas, mas que tem como ponto principal o outro lado do Adriático, ou seja, os Bálcãs. Visitar países que se desintegraram da Iugoslávia, como Croácia, Eslovênia, Bósnia, etc. Venho na companhia de minha esposa Elizabeth e do casal de amigos, Flavio e Carolina Prenna. Esta já foi “premiada” na chegada a Roma com o estravio de sua mala. Ou seja, aquele transtorno que não acontece só em país de terceiro mundo. A propósito, como uma cidade importante do primeiro mundo, Roma tem um aeroporto supermovimentado, o Fiumicino ou Leonardo Da Vinci. Mas os serviços do aeroporto deixam a desejar. Não há finger para acolher todos os aviões que chegam. Então, a maior parte dos voos domésticos pára longe dos terminais de desembarque. Assim, os passageiros são recolhidos por ônibus, tendo que sair à rua em meio ao frio próximo de zero grau que tem feito nos últimos dias. E depois que chegam ao terminal, ficam esperando um tempão pelas malas. Um passageiro que estava ao meu lado, na esteira das malas, disse que viera de Bari e estava esperando há 45 minutos e sua mala que ainda não havia chegado.
No aeroporto de Roma tomamos um carro, previamente locado, para irmos a Perugia. E aí deu para sentir o que é estrada de primeiro mundo. Toma-se a rodovia expressa que vai a Firenze, que tem três pistas de cada lado e mais acostamento. Parecida com a nossa free-way, mas com a substancial diferença de ter excelente paviamentação e grades e cercas de proteção ao longo de todo o trajeto. O que proteje em caso de acidente e evita a entrada de animais na pista. E não tem o movimento de nossa free-way, porque ao lado corre um trem de alta velocidade, algo que hoje é impensável para nós gaúchos.
22/02/10
“O que está acontecendo com a nossa produção?” Este é o questionamento que estão fazendo os italianos, que estão atravessando o pior período de exportações desde 1971. Conforme matéria publicada na edição deste domingo do jornal La República, o país atravessa um dos piores momentos das últimas décadas em termos de competitividade. O que se dá justamente num momento em que países em desenvolvimento, como o Brasil, vem ocupando um espaço cada vez maior no cenário internacional, enquanto que no âmbito europeu, especificamente, cresce a participação do países do Leste, que orbitavam em torno de Moscou ao tempo da União Soviética.
Segundo a matéria, a Itália só está conseguindo ser competitiva em produtos farmacêuticos e da cadeia agro-alimentar. Por isto, está sendo proclamada a absoluta necessidade de uma substancial investida nos produtos “made in Italy”, conforme ressalta Giancarlo Lesmo, presidente da associação que congrega os produtores de robos e automatizados. Ele entende que a produção italiana foi atingida por um tsunami e, como tal, precisa se rearticular de maneira forte e rápida, sob pena de o país perder o seu lugar no G-7, o grupo dos países mais ricos do mundo.
22/02/10
Perugia, onde o medieval e moderno se encontram
No caminho para o Báltico uma parada em Perugia, a capital da região da Umbria. Uma cidade que se estende entre um lado e outro de uma colina de cerca de 700 metros e que guarda todas as características de sua construção dos tempos medievais. Em meio às suas milenares construções circulam jovens vindos das mais diversas partes do mundo, que vem desenvolver seus cursos nesta cidade que se tornou um grande centro universitário. Mas, para facilitar a vida de quem tem que percorrer os altos e baixos da cidade, a municipalidade aderiu ao moderno. Um pequeno bonde, chamado de mini-metrô, liga a parte da baixa da parte alta. E o mais surpreendente: percorrendo os antigos corredores, que também fazem esse mesmo tipo de ligação, o visitante se depara com escadas rolantes. Porém, aí vem o mais interessante: em meio às galerias dos tempos medievais se pode ver resquícios da antiga cidade construída pelos etruscos. Perugia, como muitas outras cidades italianas, foi construída sobre ruínas de cidade de estruscos. Aliás, um aspecto que ajudou Perugia a não sentir o terremoto que devastou Assis, anos atrás, cidade que está a apenas 25 quilômetros de distância.
Daqui de Perugia sigo para Ancona, para cruzar o Adriático rumo aos Bálcãs.
24/02/10
Em Dobrovnik as marcas da guerra
Cheguei a Ancona, às margens italianas do Adriático, às 7 horas da noite desta segunda-feira. A área portuária da cidade difere da maoiria, pois é limpa, organizada e com belos prédios em volta. Colocado o carro no navio, restou curtir a lenta e tranquila travessia que, começou às 9 da noite e terminou às 7 da manhã de terça em Split, na Croácia. Finalmente, estava nos Bálcãs, palco das mais recentes guerras da Europa. Nada, no entanto, lembrava alguma batalha. Policiais educados deram as boas-vindas na Alfândega, facilitando o caminho para se entrar num país que está fazendo de tudo para se inserir no contexto europeu. Especialmente, porque os europeus estão descobrindo as belezas naturais da costa da Dalmácia. E a aposta que os croatas estão fazendo no desenvolvimento do turismo já dá para se perceber de imediato. Da cidade portuária de Split – ainda mais limpa e organizada que Ancona – vai-se a à capital Zagreb por uma moderna auto-estrada, há pouco concluída. Como seguimos para o sul, rumo a Dubrovnik, 234 quilômetros de distância, pudemos usufruir quase 100 quilômetros de outra moderna auto-estrada. O trecho restante se faz ainda por bucólicas e estreitas estradas de pista única, com duas faixas de rolamento, que cruzam pelo meio de antigos povoados. De trechos em trechos, porém, se avista as obras monumentais de túneis e viadutos, que darão continuidade à auto-estrada.
Enfim, Dubrovnik, debruçada sobre as montanhas que se projetam sobre o Adriático. E destacando-se na sua paisagem a Cidade Velha, toda cercada por uma fortificação de cerca de 50 metros de altura, capaz de dar inveja a similares, como Ávila, na Espanha, ou Avignon, na França. E já no portão de entrada o aviso sobre os múltiplos prédios que ainda estão com seus telhados danificados, como resultado do bombardeio dos sérvios na guerra travada entre 1991-92.