Benyamin Netanyahu não só vai continuar à frente do governo de Israel como se tornará o mais longevo no cargo, superando inclusive o mítico David Ben-Gurion considerado o fundador do Estado de Israel. A dedução natural é de que o povo israelense está satisfeito com o seu trabalho e não quer mudança. Esta satisfação passa por cima, inclusive, das acusações de corrupção que, diferentemente das malas de dinheiro de nossos políticos aqui no Brasil, envolvem apenas bebidas e charutos.
Uma das questões chave para Israel é a segurança. E esta melhorou substancialmente desde a construção do muro separando a Cisjordânia e também pelo fato de a Autoridade Nacional Palestina ter moderado sua atuação, ter reconhecido o Estado de Israel e ter passado a atuar em foros políticos com vistas a conseguir o seu Estado. Acabaram os atentados em ônibus, mercados, bares e restaurantes. As escassas perturbações são produzidas a partir de Gaza, as quais são reprimidas por uma força que é tão desproporcional quanto o poderio do Exército israelense frente ao dos fanáticos milicianos do Hamas.
E estes aspectos trazem à tona a questão palestina e as múltiplas tentativas que já foram feitas para um acordo entre as partes envolvidas. O presidente dos EUA Donald Trump, ao cumprimentar Netanyahu pela vitória, surpreendeu ao dizer: “Todo mundo disse que não pode haver paz no Oriente Médio entre Israel e os palestinos. Acho que temos uma oportunidade e, agora, temos uma oportunidade melhor”. Algo que destoa da manifestação do governante israelense feita pouco antes de encerrar sua campanha eleitoral, dizendo que iria anexar os assentamentos judaicos da Cisjordânia, que é a área de predominância palestina e onde pretendem estabelecer seu Estado. São justamente esses assentamentos que, segundo o líder palestino Mohamad Abbas o impedem de ir para uma mesa de negociações. Ele quer o fim desses assentamentos para negociar e Netanyahu diz que não negocia sob condições.
Com este impasse e a decisão de Bibi, vai se inviabilizando cada vez mais a construção do Estado da Palestina. Afinal, a sua já pequena área vai se tornando cada vez menor. O problema é que isto pode gerar um sentimento de frustração, especialmente, para os palestinos moderados, liderados pelo Fatah, que vivem na Cisjordânia. E da frustração ao ódio e à revolta é um curto prazo. O que poderia trazer de volta os atentados e a violência. A não ser que Trump surpreenda e consiga o improvável: mediar um definitivo acordo entre as duas partes.