Algumas colocações sobre os episódios nos EUA decorrentes da morte do segurança negro George Floyd por um policial branco. Em primeiro lugar, é preciso considerar a posição assumida pelo presidente Donald Trump, que foi de desconsideração para com Floyd e sua família. Só no sétimo dia é que emitiu uma palavra de condolência, mas, mesmo assim, dedicou a maior parte de seu pronunciamento a críticas àqueles que promoviam distúrbios. Já o fato envolvendo Floyd deve servir para que a autoritária polícia norte-americana pense duas vezes antes de tomar uma atitude radical. O autor pode pegar 40 anos de cadeia. E não será muito diferente a pena para os seus três parceiros de ação. O detalhe de muitos policiais terem se ajoelhado diante dos manifestantes é uma demonstração de uma possível mudança.
O presidente Trump, que tem sido criticado por radicalizar em meio às manifestações, acabou sendo desautorizado por seu secretário da Defesa, Mark Esper, o qual disse que não vai usar militares na rua para conter os distúrbios. Mostrou o equilíbrio quer o presidente não teve. Aliás, vários militares fizeram críticas contundentes a Trump por dizer que iria colocar o exército na rua, a começar pelo almirante Mike Mullen, o qual disse que “nossos cidadãos não são o inimigo”. E até o ex-secretário da Defesa de Trump, general Jim Mattis disse que o presidente é uma ameaça à constituição. Em suma, o exército é para ser usado contra o inimigo externo.
E sobre os distúrbios faço a última colocação. Só o que se deveria ter depois do episódio seriam manifestações. Pacíficas. De gente que quer justiça. Jamais quebradeiras. E muito menos participação de criminosos, como o homem que foi preso em Mineapolis levando explosivos. Em um vídeo, ele pode ser visto distribuindo dispositivos explosivos, incentivando outras pessoas a atirarem seus explosivos contra policiais, provocando incêndios e saques. Este é lado negativo de todo protesto. Sempre tem aqueles radicais que se aproveitam das manifestações para atos de vandalismo e a conseqüente reação policial. Isto se dá lá nos EUA, como na França ou aqui no Brasil.
É claro que entre os baderneiros tem aqueles que extrapolam suas frustrações, por anos de sofrimento à margem de tudo que a maior sociedade de consumo do mundo oferece. Porém, à medida que destroem um empreendimento, fecham mais uma possibilidade de emprego. Mas também tem aqueles radicais que se aproveitam das manifestações para “ver o circo pegar fogo” e ferrar o seu oponente político. Com o que, é preciso salientar: protesto é da lei, distúrbio é crime.