Estaria surgindo uma luz no fim do túnel para a guerra civil na Síria? Pois, a deduzir-se pela longa conversa telefônica que tiveram nesta semana os presidentes Donald Trump, dos EUA, e Vladimir Putin, da Rússia, este conflito que começou em março de 2011 e que já matou cerca de 350 mil pessoas e desalojou outras 6 milhões, está sendo objeto de um acerto. Vale lembrar que os Estados Unidos e a Arábia Saudita se posicionaram ao lado dos rebeldes que lutam para derrubar o regime de Bashar Al-Assad, enquanto que a Rússia, com a parceria do Irã, deu seu respaldo ao ditador. Todos, no início, dando apenas apoio financeiro e em armamentos.
Esta divisão levou a um sangrento e indefinido conflito. Nenhuma força conseguia superar a outra. O Estado Islâmico aproveitou-se dessa situação, assim como da fraqueza do governo iraquiano, para estabelecer o seu califado em terras da Síria e do Iraque. Criou-se então uma situação inusitada, pois as forças que lutavam entre si, de repente, viram-se na contingência de terem que se unir para combater o inimigo maior, representado pela organização terrorista islâmica.
O Estado islâmico chegou a ocupar uma terça parte dos territórios da Síria e do Iraque, tendo instalado sua capital na cidade síria de Raqqa. Dominou cidades importantes do Iraque, como Mossul, grande centro petrolífero. A situação só começou a mudar em 2015, quando a Rússia decidiu mandar suas forças para a Síria, passando a desenvolver uma luta aberta contra o EI. Com isto, os EUA também passaram a dar um maior apoio ao Iraque no seu combate ao grupo terrorista. As duas cidades mencionadas foram recuperadas, assim como a maior parte dos territórios ocupados. A ponto de um porta-voz do exército russo ter dito esta semana que “a fase da operação militar está perto de terminar”.
E da Casa Branca veio a informação sobre a conversa de Trump com Putin, na qual concordaram com “a necessidade de assegurar a estabilidade de uma Síria unificada”. Ora, no atual contexto, a Síria só pode permanecer unificada sob o governo de Bashar Al-Assad, o que demonstra que os EUA estariam abrindo mão de sua pretensão de derrubar o ditador. Até porque, Washington deve ter se convencido da máxima que era explicitada desde o início da guerra: se a situação da Síria é ruim com Al-Assad, ficará muito pior sem ele.