O mundo já foi sacudido múltiplas vezes por imagens vindas da Síria mostrando os horrores da guerra civil que lá está sendo travada. Uma das imagens mais contundentes foi colhida pelo fotógrafo Mahmud Rslan mostrando o menino sírio Omran, de 5 anos, com o olhar no infinito e coberto de poeira e de sangue. Nada, no entanto, foi suficiente até agora para conseguir colocar um fim a este conflito, que segue pródigo em atrocidades. O ataque esta semana a Ghuta Oriental, uma cidade de 400 mil habitantes, situada a 70 quilômetros da capital Damasco, é mais um exemplo disto. Mais de 400 civis mortos, sendo cerca de 100 crianças, e 13 hospitais bombardeados. De forma rudimentar, uso com o exemplo nossas cidades. É como se o governo central estivesse em Porto Alegre e os rebeldes tivessem tomado Novo Hamburgo. Então o governo manda bombardear Novo Hamburgo de forma indiscriminada. Imagine-se o pavor, a destruição e as mortes.
O conflito na Síria, que já matou de 350 mil a 500 mil pessoas, começou em março de 2011, na esteira da Primavera Árabe que iniciara na Tunísia. As manifestações contra o governo sírio começaram na cidade de Deraa, no sul, quando um grupo de pessoas se uniu para pedir a libertação de 14 estudantes de uma escola local. Os alunos haviam sido presos e supostamente torturados por terem escrito no mural do colégio o conhecido slogan dos levantes revolucionários na Tunísia e no Egito: “As pessoas querem a queda do regime”. O protesto reivindicava maior liberdade e democracia na Síria, mas não a renúncia do presidente Bashar Al-Assad. A manifestação, pacífica, foi brutalmente interrompida pelas forças do governo, que abriram fogo contra os opositores, matando quatro pessoas. No dia seguinte, em meio ao funeral das vítimas, o governo sírio fez uma nova investida contra os moradores de Deraa, causando a morte de mais uma pessoa. A reação desproporcional do governo acabou por impulsionar os protestos para além das fronteiras de Deraa. Iniciou-se um movimento rebelde com vistas então a derrubar o governo de Assad.
Vale lembrar que os Estados Unidos e a Arábia Saudita se posicionaram ao lado dos rebeldes que lutam para derrubar o regime de Assad, enquanto que a Rússia, com a parceria do Irã, deu seu respaldo ao ditador. Ou seja, todos são insensíveis às imagens e participantes deste horror que está acontecendo na Síria.