Ao longo da História a questão entre Israel e Palestina tem sido abordada sob o prisma dos interesses de ambas as partes e de seus respectivos apoios. Neste contexto, a visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel trouxe à luz um novo componente nesse quadro: o apoio dos evangélicos a Israel. Especialmente no Brasil. Muitos evangélicos daqui têm sido levados para receber o batismo nas águas do rio Jordão. Inclui-se aí o próprio presidente Bolsonaro. Os evangélicos acreditam que o fim do mundo e o retorno de Jesus Cristo dependem da presença dos judeus em Israel. Assim, o apoio ao projeto sionista é um modo de cumprir e acelerar a profecia.
A propósito do tema, o jornalista Diogo Bercito lembra o livro lançado nos Estados Unidos, em 1970, por Hal Lindsey, chamado “The Late Great Planet Earth”. Ele citou a criação do Estado de Israel, em 1948, e lembrou seus leitores de que o Apocalipse dependia de três coisas: 1) a nação judaica ser recriada na Palestina, 2) a reconquista de Jerusalém e 3) a reconstrução dos templos sagrados. Em 1970, data do lançamento do livro, os dois primeiros itens já tinham sido concretizados. Assim, evangélicos passaram a acompanhar de perto a geopolítica do Oriente Médio, enxergando naquela região os sinais apocalípticos da Bíblia. Daí este componente que ganhou força aqui no Brasil, apoiando Bolsonaro, o qual decepcionou seus militantes pelo fato de não ter mudado a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém.
E a propósito de Israel, o país tem eleições nesta terça-feira, 9, para renovação do Parlamento e, por conseguinte, designação do chefe de governo. Benyamin Netanyahu, que está há 10 anos no cargo, concorre a novo mandato e poderá tornar-se o mais longevo governante de Israel, superando David Ben Gurion, considerado o patriarca do Estado. Mas “Bibi” Netanyahu tem uma concorrência forte, o general Benyamin “Benny” Gantz, que concorre pelo partido Azul e Branco e é a esperança de centristas e esquerdistas.
No que toca à futura relação com os palestinos, lembro que diz o jornalista Clóvis Rossi. Se vencer Netanyahu, na melhor das hipóteses será mantido o status quo. Na pior, haverá uma anexação maior da Cisjordânia, o que tornará mais complicada a criação do Estado da Palestina. Porém, lembra Rossi, no caso de Gantz vencer poderá ser aplicada uma idéia que está há bastante tempo no ar: a convocação de uma conferência, onde os países árabes reconheceriam a existência do Estado judeu e sua segurança, em troca de um Estado da Palestina, cuja configuração, logicamente, será diferente da que os palestinos sempre exigiram. E, neste contexto, acrescento: a divisão de Jerusalém está descartada por Israel.