Lula e seus amigos ditadores
O presidente Lula sempre se destacou por ser muito próximo de governantes de esquerda, não importando se foram democraticamente eleitos, como Alberto Fernandes, na Argentina, ou se são puramente ditadores como Nicolás Maduro, na Venezuela, Daniel Ortega, na Nicarágua, ou os irmãos Castro e, mais recentemente, Miguel Dias-Canel, em Cuba. Não só sempre os defendeu como travou uma relação de amizade muito próxima. A ponto, por exemplo, de o papa Francisco pedir a sua interseção junto a Ortega para a libertação de um bispo que o ditador mantinha preso na Nicarágua. Isto, dentro do esquema de perseguição à Igreja Católica que Ortega desenvolveu em seu país. È lógico que o Papa poderia ter intercedido diretamente junto a Ortega, porém, apelou a Lula por saber de sua influência junto à esquerda latino-americana e, em particular, junto a seu amigo Ortega. E na certeza de que a missão seria bem sucedida.
Doce ilusão. Ortega não deu a mínima para Lula. Não só não atendeu a ligação como não deu retorno. Isto que Lula travava com ele uma amizade que vinha desde a a segunda comemoração da vitória da Revolução Sandinista, que em julho completou 45 anos e que foi o mote do rompimento entre os dois antigos companheiros. O descaso de Ortega para com Lula é tão marcante a ponto de ele ter usado uma desculpa totalmente sem sustenção – o não comparecimento às comemorações dos 45 anos da Revolução Sandinista – para expulsar o embaixador brasileiro na Nicarágua.
ROMPIMENTO
Expulsar um embaixador corresponde a um rompimento com o outro país. Aliás, o que o outro ditador amigo de Lula, Nicolás Maduro, está fazendo na Venezuela. Numa tacada só ele expulsou sete embaixadores de países vizinhos, pelo simples fato de os dirigentes desses países terem pedido que fossem divulgadas as atas das eleições que teriam dado a vitória a Maduro. Para a atitude de Ortega não havia outra saída para Lula que não o ato correspondente de expulsar o representante diplomático da Nicarágua no Brasil.
O ato desmesurado de Ortega de expulsar o embaixador só porque não foi a uma mera celebração de aniversário de uma revolução que, diga-se de passagem, já traiu todos seus princípios, não foi considerado pelo governo brasileiro motivo para rompimento. Tanto que, nesta quinta-feira, 08, o Itamarati informou que a situação não representa um rompimento de relações dimplomáticas e que os serviços da Embaixada em Manágua seguem mantidos. Ou seja, mais uma submissão.
SAIA JUSTA
Lula foi colocado numa “saia justa” por seu outro grande amigo, Nicolás Maduro, que ele tentou empurrar goela abaixo de presidentes sul-americanos reunidos em Brasília, em maio de 23, como sendo vítima de uma narrativa. Naquela ocasião Lula já deveria ter se dado conta do que estava fazendo, pois os presidentes o deixaram falando sozinho e sequer compareceram ao jantar que lhes era oferecido. Foram embora diante da asneira, mas não deixaram de alertar Lula sobre sua posição, o que foi feito não só pelo direitista Luís Lacalle Pou, do Uruguai, mas, também, pelo esquerdista Gabriel Boric, do Chile. Aliás, este que nesta quinta-feira fez um pronunciamento dizendo não aceitar a dita vitória de Maduro nas eleições, que considerou fraudulentas.
Fraude que se torna a cada dia mais evidente. Sendo que a mais recente corroboração foi dada pelo Carter Center, o único organismo internacional respeitável na fiscalização de processos eleitorais que esteve na Venezuela. A conclusão do mesmo, com base nos dados que levantou, é de que o oposicionista Edmundo González foi o vencedor do pelito.
DIÁLOGO
Lula, com dois outros parceiros esquerdistas latino-americanos, porém, estes democraticamente eleitos, Gustavo Petro, da Colômbia, e Lopes Obrador, do México, propôs um diálogo entre Maduro e González. Ora, o que pode resultar de um diálogo entre um ditador que quer se manter no poder a todo o custo e um opositor que, sente que ganhou a eleição, mas, que não vai levar.
A determinação de Maduro se torna a cada dia mais clara. Prisões, já são quase dois mil presos. Mortes, no mínimo 24 desde a eleição. Sequestros e fechamento do X para que as lideranças opositoras não possam se comunicar com a população. E Lula fala em diálogo. Ou seja, Maduro é mais um dos seus amigos que lhe virou as costas. Embora o brasileiro siga dizendo que o resultado da eleição deve ser referendado por um órgão institucional, como se houve um com credibilidade na Venezuela de Maduro.