Depois dos intensos ataques aéreos deste fim de semana da Rússia contra a Ucrânia, o presidente Donald Trump proclamou que o seu par russo Vladimir Putin “ficou completamente louco”. Bem, ele levou três anos e três meses para perceber isto, que a população mundial já havia constatado lá em 24 de fevereiro de 2022, quando Putin decidiu invadir a Ucrânia. Soma-se a isto o fato de o russo ser mentiroso, pois, quando mobilizava tropas antes do ataque ele dizia que se tratava apenas de manobra militar, exercícios de tropas.
O mundo viu no que deu. Parece que só Trump não tinha visto nada ainda, a ponto de acreditar que Putin era seu amigo e que iria convencê-lo a acabar com a guerra.
AVANÇO
Segundo os informes das agências, a Rússia lançou neste domingo, 25, o maior ataque desde o início do conflito. O presidente ucraniano Volodimir Zelensky, declarou que a Rússia se sente à vontade para atacar diante do silêncio dos Estados Unidos. O pior é que Trump ainda culpa Zelensky pelo que está acontecendo. Seria por falta de determinação do presidente ucraniano para terminar com a guerra.
Ora, no atual contexto, a única forma que Zelensky tem de terminar a guerra é entregando tudo que a Rússia quer, ou seja, capitulando. Isto, depois de uma brava resistência de mais de três anos, onde contou com a solidariedade da maior parte dos países do mundo e a substancial ajuda bélica da Europa e dos EUA, este, antes de Trump assumir.
INTERESSE
A única coisa que Trump fez até agora com a Ucrânia foi leva-la a assinar um acordo para que os Estados Unidos explorem os ricos minerais que o país possui. Aliás, algo que já acertou até com Putin, para explorar nas áreas que os russos querem tomar do leste ucraniano. Ou seja, Trump já dá como certa a tomada daqueles territórios pela Rússia.
Quanto à sua anunciada mediação do conflito, na semana passada já abriu mão da mesma, ao perceber, depois de duas horas e cinco minutos de conversa telefônica com Putin, que nada iria avançar. Então, simplesmente, lavou as mãos, dizendo que os europeus ou o Vaticano poderiam se encarregar disto. Por incrível que pareça, quem se posicionou contra Trump foi a embaixadora dos EUA em Kiev, Bridjet Brink. Para ela é necessário exercer pressão sobre Putin, para deixar-lhe claro que permanecer na Ucrânia lhe custará demasiadamente caro. Lógico que uma voz isolada que, embora sua representatividade, não é levada em consideração por seu chefe.
RESISTÊNCIA
Com todo o sofrimento e a dificuldade cada vez maior de ajuda, o povo ucraniano quer continuar a guerra. Uma pesquisa do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, mostra que 82% dos ucranianos são favoráveis a continuar a guerra, mesmo parando a ajuda dos EUA. Segundo dados do governo ucraniano, o que lhes resta de armamentos norte-americanos se esgotará em fins de junho. “Até agora tínhamos um vizinho louco, agora temos ainda os EUA entregues nas mãos de outro louco”, declarou o engenheiro Mikola Siruk em conversa com Cristian Segura do jornal El País.
Apesar do resultado da pesquisa, há também a informação de que muitos homens em idade militar estão fugindo do país para não irem para a guerra. Aliás, em matéria de fuga, a Polônia abriga hoje cerca de seis milhões de ucranianos que escaparam a guerra.
PERSPECTIVA
O fato é que, diante de tudo que está acontecendo, o futuro da Ucrânia é nebuloso. Se com a substancial ajuda dos EUA ao tempo do governo Biden já era difícil de resistir, agora ficará quase impossível. Embora a Europa siga determinada a continuar com a ajuda e a aumentar as sanções contra Moscou, é muito difícil de reverter a situação.
E o ocupante da Casa Branca que disse que 24 horas após assumir o cargo terminaria com a guerra, acabou jogando a toalha. E como disse Zelensky “o silêncio dos Estados Unidos segue encorajando Putin”. Com isto a Rússia deve intensificar os ataques e tomar a maior área possível, para estar em posição vantajosa em termos territoriais quando o conflito terminar.