Embalados pelo anunciado acordo entre Mercosul e União Europeia, dirigentes do nosso bloco regional realizaram reunião esta semana em Santa Fé, na Argentina, ocasião em que o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco. Mas ocasião também em que foi tomada uma medida que beneficia os cidadãos dos países membros. E esta diz respeito à telefonia. Não mais será cobrado roaming internacional para cidadãos de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em qualquer um destes países. Ou seja, pela primeira vez estamos vendo uma decisão que beneficia diretamente o cidadão. Também foi decidido o compartilhamento de representações diplomáticas no exterior. Por exemplo, um brasileiro poderá recorrer a uma embaixada argentina onde não houver uma brasileira.
As medidas teriam sido tomadas com base na decisão dos presidentes “liberais” Jair Bolsonaro e Maurício Macri de criar um “outro Mercosul”. Pois, justamente, o que se espera é que este bloco, que foi criado em 1991, se torne, pelo menos, um pouco mais parecido com a União Europeia. É sempre bom ressaltar que o bloco europeu estabeleceu a livre circulação de pessoas e mercadorias. Algo que por aqui ainda está muito distante. Aqui ainda temos o absurdo de que um cidadão para entrar em outro país do bloco precisa preencher um boletim de imigração. E se perder o papelzinho na hora de devolver na saída será considerado clandestino. Um profissional para trabalhar em outro país precisa de revalidação de seu diploma. Pior, estabelecemos uma placa comum para os veículos dos países do bloco, sem que tenhamos criado uma legislação de trânsito comum. Um brasileiro que entra de carro na Argentina, por exemplo, está sujeito ao policial de trânsito vir a exigir-lhe carta verde, dois estepes, mortualha ou tantos quantos mais itens que ele julgar que pode cobrar. Não adianta dizer que no Brasil não se pede isto. Uma mesma legislação para todos resolveria.
Tampouco temos uma mesma legislação sanitária para nossos produtos, os quais muitas vezes apodrecem junto à aduana, pela burocracia que existe para a liberação dos caminhões de transporte. Segundo dados da Associação Brasileira de Transportadores Internacionais, enquanto que na Europa e na América do Norte caminhões dispendem em média 15 minutos para transpor a fronteira, no Mercosul perdemos em médio 12 horas na exportação e 42 horas na importação. Isto, quando tudo flui normalmente. Ou seja, temos muito que avançar ainda em âmbito de nossa integração regional, antes de nos associarmos com a Europa.