Angela Merkel está à frente do governo da Alemanha há 12 anos e neste domingo, muito possivelmente, será reconduzida para mais quatro anos de mandato. Afinal, o que mais pesa numa eleição é o bolso do eleitor e, neste caso, o do alemão vai bem forrado. A maior economia da Europa vem experimentando crescimento por anos seguidos, mesmo em meio à crise que se abateu sobre a Europa. A previsão para este ano é de que feche o seu PIB com uma alta de 1,9%. O cidadão alemão paga imposto alto, mas tem a certeza de receber em troca serviços públicos de alta qualidade, tanto na educação, como na saúde, no transporte e na segurança.
Aliás, segurança tem sido o único item a abalar o governo de Merkel. Isto porque o país, assim como outros europeus, se tornou alvo do terror. Ninguém esquece o atentado à Feira de Natal em Berlim, em dezembro último, que matou 12 pessoas. E o terror é atribuído a um tema específico que Merkel vem tratando com muita atenção: o da migração. Solidaria com o sofrimento de populações abaladas pela guerra, como a da Síria, Merkel abriu as portas aos imigrantes e, desde 2015, entrou um contingente perto de um milhão de pessoas. Isto fez crescer o radicalismo, representado pelo partido AfD, Alternativa para a Alemanha, que culpa a entrada de refugiados pela insegurança e apela para os símbolos nacionais em seu discurso. Pesquisas indicam que o partido pode chegar a 11% dos votos. Com isto, estaria superando a cláusula de barreiras que funciona na Alemanha, onde a exigência é de 5% dos votos para o partido ter representação no Parlamento. O qual é eleito pelo voto distrital misto. Ou seja, um candidato pelo distrito e outro pela lista fechada.
Porém, mais do que uma consagrada líder alemã, Merkel se tornou uma liderança da União Europeia e, com a ascensão do destemperado Trump nos Estados Unidos, se encaminha para ser a líder do Ocidente. Recebe neste sentido um apoio substancial do presidente francês Emmanuel Macron. Ambos estão empenhados em renovar a UE , cuja unidade está sendo desafiada pela questão da migração e pela saída britânica, o Brexit. Uma vitória consagradora neste domingo será o combustível para que a primeira-ministra alemã sedimente sua trajetória de líder mundial que pauta pela determinação, mas, também pela moderação.