A primeira-ministra, cargo que os alemães chamam de chanceler, Angela Merkel, está prestes a completar 15 anos à frente do governo, sendo a primeira mulher na chefia do executivo da Alemanha e a primeira chanceler provinda da Alemanha Oriental. Neste período ela se tornou a maior liderança européia, a mulher mais importante do mundo, e vem conduzindo a recuperação do velho continente. Sua ação mais recente foi impulsionar um fundo de 750 bilhões de euros para a recuperação da Europa pós pandemia do Covid19. São 500 bilhões de euros em subvenções, 250 bilhões em empréstimos. Este fundo é sustentado pelos países ricos com vistas a socorrer seus parceiros mais pobres.
Com esta ação Merkel está recuperando seu prestígio que, depois de permanecer anos a fio em alta, havia sofrido um abalo nos últimos anos, em decorrência de sua política de dar amparo aos refugiados que se dirigiram para a Europa. Essa movimentação, que começou em 2015, especialmente, em função da guerra civil na Síria, fez com que a Alemanha recebesse mais de um milhão de imigrantes. Foi um impacto não só no país, mas, também nos demais, pelo choque cultural que causava e pela dificuldade em realocar toda essa gente. A maior parte dos que foram para a Alemanha conseguiu trabalho e adaptação à cultura local. O mesmo não aconteceu em outros países. Mas o prestígio de Merkel despencou, a ponto de seu partido CDU, União Democrata Cristã, ter perdido as últimas eleições.
Porém, a crise do Coronavirus fez Merkel recuperar seu prestígio. Apoiada em sua formação pela Academia Alemã de Ciências, em Berlim, ela procurou tratar a pandemia de modo fundamentalmente científico. A começar pela realização dos testes, apontados como ação fundamental impedir a proliferação do vírus. Isto fez com que a Alemanha se tornasse um dos países europeus que menos sofreu com a pandemia. E com isto também, o prestígio da chanceler decolou mais uma vez, chegando a 72% de aprovação em abril. Prestigiada internamente mais uma vez, ela voltou a mobilizar-se pela Europa. E buscou o principal parceiro com quem tem dividido o comando da unificação européia: a França, de Emmanuel Macron. A partir daí que surgiu o fundo para atender as áreas da saúde e da economia no continente, consolidando mais uma vez o prestígio de Angela Merkel.