Não será fácil a missão do papa Leão XIV à frente da Igreja Católica Apostólica Romana. Os desafios são múltiplos. Começam pela recuperação de fieis que estão sendo perdidos mundo afora, passam por abrir o espaço para a mulher e chegam na cruel missão de encarar aquilo que mancha a imagem da Igreja, a pedofilia e sua direta ligação com o celibato.
O novo papa tem a vantagem de ser um homem de centro, um conciliador. Tanto que antes do anúncio do indicado se dizia que se tivéssemos um papa adotando o nome de Francisco II teríamos a continuidade do trabalho do papa recém falecido, ou seja, mais dedicado a questões de gênero e seus derivados. Se adotasse João Paulo III seria um conservador.
LEÃO XIII
Como adotou o nome Leão, logo remeteu a uma pesquisa sobre qual era a posição de Leão XIII, que esteve à frente da Igreja de 1878 a 1903. Pois ele se destacou por manter uma justiça social distante tanto do socialismo como do capitalismo selvagem. O que ficou explícito na sua encíclica Rerum Novarum. Enfim, foi um conciliador. E é este o papel que, se pressupõe, o papa Leão XIV irá desempenhar.
Mais do que isto, terá de recuperar um prestígio que a Igreja vem, gradativamente, perdendo através do tempo. Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas chegam a indicar que só no Brasil a perda chega a 54%.
FATORES
A mesma pesquisa indica que estas perdas se dão devido a vários fatores, incluindo o crescimento das igrejas evangélicas, a crescente não-religiosidade, a crise de credibilidade da Igreja Católica (em especial devido a escândalos de abuso sexual e corrupção), e a falta de adaptação da Igreja às mudanças sociais e culturais.
Aqui no Brasil, paralelo ao decréscimo da Igreja Católica temos o crescimento das Igrejas Evangélicas Pentecostais. E isto se dá por algo muito claro: essas igrejas atuam diretamente junto ao povo, vendo suas necessidades e abrindo caminho para sua realização através do trabalho. Viabilizando esta oportunidade. Atuando também junto a drogados e presidiários, no sentido de fazê-los buscar a recuperação através da palavra de Deus. E um detalhe, seus pastores são pessoas casadas como os demais. E, em muitos casos são mulheres.
ROSA
As mulheres vêm clamando por um papel mais relevante na Igreja Católica, inclusive no sacerdócio. Durante a espera pela revelação do nome do papa tivemos um protesto de mulheres na praça do Vaticano, fazendo aparecer a emissão de fumaça de cor rosa. As mulheres também lutam pelo sacerdócio, porém, o máximo que se apresenta para elas é a função de diaconisa.
Aliás, já foi uma evolução a Igreja Católica dar para homens leigos, inclusive casados, a possibilidade de atuar como diáconos, ajudando na cerimônia da Santa Missa. A questão do casamento é outra que afeta os padres. Pois, como podem dar conselhos para casais e famílias, se nunca casaram e nunca formaram uma família?
CELIBATO
E desta questão vai-se para outra muito mais controversa, que é uma espécie de tabu. Um assunto que é quase sempre empurrado para baixo do tapete. Falo da pedofilia. Vejam que o papa Leão XIV já assume envolto na acusação de ter engavetado denúncias contra dois padres no Peru que teriam abusado de três meninas em uma casa paroquial.
Volta a insistir que a pedofilia tem a ver com o celibato. É certo que a maior parte dos padres cumpre com este preceito celibatário. Porém, há um número significativo em desvio. E por que? Porque o instinto sexual é algo que nos foi dado por Deus. Sufocá-lo significa ir contra algo que é nato da pessoa. E quando não dão vasão a este instinto de forma convencional, acabam descarregando nas crianças ingênuas e indefesas. Esta questão é tão clara que a única igreja que tem sido alvo das acusações de pedofilia é a Católica. Exatamente, a única que mantém o celibato e não permite a seus ministros religiosos casarem.
CONCORRÊNCIA
E no que toca à concorrência que a Igreja Católica enfrenta, assim como tem aqui na América a das Igrejas Evangélicas, tem na Europa a do islamismo. O Islã tem experimentado um crescimento notável na Europa, tanto devido à migração como ao crescimento natural da população. Em 2016, a Europa tinha 25,8 milhões de muçulmanos, representando 4,9% da população total, e essa cifra duplicou em 2023, no cenário de alta migração. Outro desafio para Leão XIV que é defensor dos migrantes.