O teste realizado esta semana pela Coreia do Norte com um míssil de longo alcance, capaz de atingir Washington ou qualquer outra parte do território dos Estados Unidos, não só trouxe de volta o perigo de uma confrontação nuclear, como mostrou que esta pode ser muito mais grave do que estava sendo projetada. Como desde o início de setembro os norte-coreanos não haviam mais realizado nenhum teste, esperava-se que isto havia se dado por pressão da China. Afinal, o presidente Donald Trump esteve em Pequim, negociou com os chineses um acordo de comércio da ordem de 250 bilhões de dólares e havia ficado a impressão de que, nos bastidores, Trump acertara com Xi Jinping uma pressão maior sobre o regime de Pyongyang. Pois 90% do que a Coreia compra ou vende é com a China. Na ocasião, o presidente chinês chegou a dizer que havia imposto sanções contra o regime de Kim Jong-un.
Com o teste desta semana viu-se que se houve alguma negociação a mesma falhou. O que é pior, o novo míssil tem alcance superior em relação aos dois outros testados anteriormente. Conforme afirmou ao New York Times o físico David Wright, da Ong Union of Cencerned Scientists, com um alcance potencial de 12,9 quilômetros, o míssil pode alcançar Washington. Daí o pedido urgente de uma reunião do Conselho de Segurança feito pelo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe. Se os EUA passam a ser alvo, Japão e Coreia do Sul muito mais, pois estão ali perto, a fácil alcance.
E meio a este pânico, percebe-se que a China faz um jogo duplo. A China quer evitar a corrida nuclear, mas não quer sufocar o governo norte-coreano, em função dos enormes interesses econômicos que tem no país. Quer, por exemplo, manter o monopólio sobre os metais de alta qualidade encontrados naquele país. “A Coreia do Norte é um país montanhoso que possui vastos recursos naturais, incluídos depósitos de cobre, prata, urânio, ferro e metais de terras raras de alta qualidade”, afirma Leonid Petrov, que é pesquisador na Universidade Nacional da Austrália, em Camberra. Além do mais, se a China abandonar a Coreia do Norte, a Rússia ocupa o espaço.
Diante desta situação, a China sentenciou: a Coreia do Norte para com sua corrida nuclear se EUA e Coreia do Sul desmobilizarem suas forças na região. Algo que é descartado por Washington. O que significa que a tensão continuará.