O avanço da direita é hoje um fenômeno em todo o mundo. Na Europa temos os exemplos de Marine Le Pen, na França, Viktor Orban, na Hungria, Sabastián Kunz, na Áustria e se poderia incluir ainda Vladimir Putin, na Rússia. Há o crescimento também na Alemanha com a AfD, Alternativa para a Alemanha. Na América Latina temos Maurício Macri, na Argentina, Sebastián Piñera, no Chile, Ivan Duque, na Colômbia e agora Jair Bolsonaro, no Brasil. Isto só para citar alguns poucos exemplos.
Evidente que existem motivos específicos para esse crescimento. No entanto, há uma diferença entre o que se dá na Europa e na América Latina. Embora o movimento tenha sido gradativo, começou na Europa a partir da crise econômica de 2008, porém, acentuou-se a partir da maciça chegada de migrantes, fugindo das guerras no Oriente Médio e da fome e da seca na África. Este enorme contingente de etnia, religião e cultura completamente diferentes da européia gerou os sentimentos de rejeição de xenofobia. Se em tempos passados os migrantes eram bem-vindos, porque vinham suprir necessidades de trabalho, fazendo aqueles serviços menos qualificados que os europeus não queriam fazer, hoje a situação é diferente. O desemprego é uma realidade. E tende a crescer com a automação. Andando de carro pela Europa, por exemplo, passa-se por múltiplos postos de pedágio sem que se veja uma única pessoa. É só o contato do cartão de pagamento com a máquina. Assim, as nações vão se fechando cada vez mais em si, fazendo ressurgir os movimentos nacionalistas, que se contrapõem ao sentimento de unidade da Europa.
Na América Latina a virada para a direita está se dando por dois motivos: corrupção e violência. Governos de esquerda no Brasil, Argentina, Venezuela, etc, se destacaram pelas negociatas que envolveram governantes, empresários e funcionários de altos cargos de estatais. Exemplo maior o caso de Petrolão no Brasil. Sendo que a empresa de ponta no esquema de corrupção, a Odebrecht, tem seus tentáculos espalhados por quase toda a América Latina. Não é sem razão que hoje tenhamos presos dirigentes da empresa, além de um ex-presidente do Brasil, dois ex-presidentes do Peru e processos rolando contra ex-presidentes da Argentina, Equador, Peru, etc.
Em meio à corrupção, a América Latina viu crescer a violência. Traficantes comandando o crime de dentro das prisões. Territórios em que a polícia não entra. Cidadãos tendo que transformar suas residências em muralhas para sobreviver. Tudo isto serviu de combustível para a direita.