O encontro entre os dirigentes da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e da Coreia do Sul, Moon Jae-in, é um fato marcante no caminho para a paz na região. Afinal, até bem pouco tempo atrás a Península Coreana vivia sob a iminência de uma guerra nuclear, cujo perigo crescia com o bate boca entre Kim e o norte-americano Donald Trump. Como se trata de dois dirigentes destemperados, havia uma situação de temor que passava para a de pavor com o que poderia acontecer. Mesmo que fosse um confronto entre EUA e Coreia do Norte, a Coreia do Sul, o Japão e até mesmo a China sofreriam as conseqüências de uma guerra atômica.
A situação mudou substancialmente a partir do discurso de Kim Jong-un, feito na passagem de ano, quando disse para Trump que ainda tinha o botão nuclear à sua frente, mas mandava uma mensagem de paz aos que chamou de “irmãos do sul”. A partir dali começou o processo de distensão, incrementado com a participação de uma delegação conjunta das Coreias nos Jogos Olímpicos de Inverno.
Passou-se então a falar na desnuclearização da Coreia do Norte e na reunificação dos dois países. Bem, aí começam os grandes obstáculos. Kim irá aceitar o desmantelamento total de seu arsenal como querem os EUA? O que ele tem demonstrado que aceita é um congelamento no atual programa. Os EUA irão aceitar o fim das manobras militares que realiza na região com a Coreia do Sul? Estes são pontos que, seguramente, ficarão para o encontro de Kim com Trump.
Mas fica ainda a questão de reunificação. Uma dificuldade enorme para dois países que são muito mais diferentes do que eram a Alemanha Ocidental capitalista e a Alemanha Oriental comunista. Além dessa diferença de sistemas político e econômico, há uma diferença muito mais profunda nos costumes. Enquanto os sul-coreanos estão conectados com o mundo, desenvolvendo seu processo educacional e sendo uma economia cada vez mais competitiva no cenário internacional, a Coreia do Norte é uma fechada ditadura, cujo governo passa de pai para filho, e que mantém o povo alienado e subserviente. Povo que, se não aplaudir um dirigente em uma solenidade ou chorar em um funeral, vai para a cadeia. E cadeia no estilo dos campos de morte dos nazistas. Imagine reunificar esses povos! E Kim, vai aceitar concorrer em uma eleição democrática?