Dois dias depois de o presidente Donald Trump lançar festivamente na Flórida a sua candidatura à reeleição, a derrubada de um drone norte-americano pela forças do Irã no Golfo Pérsico o colocaram diante da eminência de uma nova guerra. E este conflito vem sendo maturado há algum tempo pelos “senhores da guerra” da Casa Branca, o secretário de Segurança John Bolton e o secretário de Estado Mike Pompeo. Foi ouvindo eles que Trump decidiu, no ano passado, romper o acordo sobre o controle do programa nuclear iraniano e, ainda por cima, impor novas sanções econômicas a Teerã. O drone derrubado não é nenhum modelinho destes usados por aqui para filmagens, mas um modelo MQ-4C, que é um veículo que mede 14,5 metros de comprimento, por 40 de envergadura e 4,7m de altura. Desenvolve até 575 km/h e custa em torno de 120 mil dólares. É usado para missões chamadas de reconhecimento, que nada mais são do que de espionagem.
Mais uma vez há uma discussão estabelecida, o Irã diz que derrubou em seu espaço aéreo e os EUA afirmam que estava em área internacional. De qualquer forma, temos mais um forte ingrediente para uma guerra. Porém, aí voltamos à candidatura de Trump à reeleição. Pesquisas encomendadas por seus assessores indicam que o cidadão norte-americano não quer saber de mais guerras. Os atoladouros em que os militares norte-americanos se meteram no Afeganistão e no Iraque estão a suportar as pesquisas. O cidadão está muito satisfeito com o crescimento da economia e isto é o que importa.
E importa e muito, não só para Trump, mas, para todos os candidatos o crescimento de um outro fenômeno: as deep fakes. Se antes tínhamos as fake news, notícias falsas a abalar a imagem de pessoas, agora tem-se a deep fake, o falso profundo. Trata-se do uso de inteligência artificial para a falcatrua. Através do uso de softwares que são capazes de mapear a expressão facial de uma pessoa, pode-se criar vídeos totalmente falsos. A partir de uma foto podem mostrar uma pessoa falando aquilo que nunca falou. É possível mudar o que a pessoa disse, mudar sua expressão, numa manipulação sutil e realista, quase incapaz de ser percebida. O poder dessa tecnologia já foi demonstrado em 2017 por três professores da Universidade de Washington, que usaram a inteligência artificial para modificar um vídeo do presidente Barack Obama, fazendo a junção com outros vídeos e criando um novo e totalmente irreal vídeo. Ou seja, se a fake news já assustava, a deep fake assusta muito mais.