O anúncio final do encontro do G-20 em Osaka foi ofuscado pela declaração de que, depois de 20 anos de negociações, estava saindo o acordo entre Mercosul e União Europeia. Este acordo sempre foi almejado pelo bloco sul-americano, mas, deixado de lado pelo grupo europeu. Assim, a pergunta é sobre o que levou a Europa a mudar de posição? A resposta está ligada a Estados Unidos e China. Os norte-americanos sempre foram um aliado incondicional da Europa, porém, sob Donald Trump este cordão umbilical foi rompido.
O chefe da Casa Branca passou a fazer pesadas cobranças aos europeus a respeito da Otan, a ponto destes passarem a estruturar a sua própria força de defesa, por temor de não contar com a ajuda americana numa hora decisiva. Trump, com sua política antiglobalização, também passou a impor taxas sobre os produtos europeus. E mais, rompeu um acordo que havia firmado junto com europeus para o controle do programa nuclear iraniano. E ao impor sanções a Teerã impediu empresas do velho continente a negociar com os iranianos. Além disto, iniciou uma guerra comercial com a China que não está agradando a ninguém porque está provocando uma alta generalizada de preços mundo afora. Então, os EUA deixaram de ser aquele parceiro de toda hora da Europa.
Já a China vem se agigantando e tomando conta do comércio do mundo. Deixou de ser apenas um produtor de quinquilharias vendidas a preços ínfimos, para se tornar potência de áreas tecnológicas, com empresas como a Huawey, que é detentora do maior conhecimento mundial na área de 5-G e já é a segunda maior produtora de celulares, estando atrás apenas da coreana Samsung, mas à frente da americana Apple. E, com sua nova “Rota da Seda”, espalha seus tentáculos por Ásia e Europa com a construção e controle de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, linhas marítimas, etc.
Então, para contrapor-se a esses dois gigantes, nada como aumentar o seu potencial, ao unir-se com um bloco de outra região, criando uma área que envolve 780 milhões de pessoas e 25% do Produto Interno Bruto mundial, com uma corrente de comércio e bens de serviços de aproximadamente 140 bilhões de dólares. O início da operação não é imediato, ainda precisa de aprovação de parlamentos, de superar a resistência francesa, cujos agricultores não querem perder a mordomia dos subsídios, e outras questões mais. Porém, o compromisso está assumido e as perspectivas são de uma nova fase de dinamismo do comércio entre América do Sul e Europa.