Era sabido por todo o mundo que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump não teria seu processo de impeachment aprovado no Senado, pelo fato de ele ter maioria naquela casa. São 53 senadores republicanos contra 47 democratas e seria necessária a aprovação por dois terços dos integrantes da Câmara Alta. Assim, a fidelidade partidária passou por cima do jogo sujo do presidente. Ele fez uma escancarada chantagem junto ao seu colega da Ucrânia, Volodimir Zelenski, ao condicionar a liberação de um empréstimo de 400 milhões de dólares, já aprovado pelo Congresso, a uma investigação sobre Hunter Biden, filho do pré-candidato democrata Joe Biden, por supostas negociatas como lobista naquele país. Neste caso, o forte bipartidarismo norte-americano conspirou contra a democracia, a qual não deveria aceitar que um presidente abuse do poder que detém.
Um dia antes da decisão do Senado, na terça-feira, Trump fez no congresso o seu discurso sobre o Estado da União, ocasião em que, tradicionalmente, o presidente faz um balanço sobre o último ano de seu governo. E Trump ufanou-se com os números positivos, que mostram um crescimento do PIB em 2,4% e a taxa de desemprego em 4%. Falou que o cidadão norte-americano vive momento de euforia. Estes fatos podem impulsionar sua reeleição em 3 de novembro, afinal, uma das coisas que o eleitor mais pesa da hora de votar é o bolso, assim como o emprego. E mesmo em meio a um cenário que lhe era imensamente favorável, Trump não deixou de expor sua grosseria ao se negar a receber o cumprimento da presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. Esta, por sua vez, também cometeu a deselegância de rasgar o discurso de Trump.
Com isto Trump vai alicerçando sua reeleição e vendo os democratas iniciarem de maneira desastrada, em Iowa, sua convenção para escolha de seu candidato às eleições presidenciais. Foram 21 horas em desacordo com o software até conseguirem divulgar o resultado. O ex-vice-presidente de Obama, Joe Biden, de 77 anos, ficou em quarto lugar. A senadora por Massachusetts Elizabeth Warren, de 70 anos, ficou em terceiro. O senador por Vermont, Bernie Sanders, de 78 anos, que concorreu com Hilary Clinton, ficou em segundo. E a surpresa foi para a primeira colocação do jovem ex-prefeito da pequena South Bend, Indiana, Pete Buttigieg, de 38 anos. Ele foi reservista da Marinha e oficial da contrainteligência no Afeganistão. É declaradamente gay e defensor de uma mudança no sistema eleitoral do país, eliminando o colégio eleitoral. Não se pode esquecer que por duas vezes nestes últimos 20 anos quem fez mais votos perdeu a eleição. Assim foi com Al Gore frente a George W. Bush, em 2000, e com Hilary Clinton frente a Donald Trump, em 2016. Ou seja, tivesse valido o voto popular os norte-americanos não teriam tido Trump e seus abusos de poder como presidente. Mas, o detalhe é que este sistema não mudará para a próxima eleição e Trump mantém a possibilidade de seguir com seus desmandos.