Ao fazer um discurso para a nação nesta quinta-feira, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que seu país desenvolveu mísseis nucleares que podem atingir qualquer país do mundo, sem serem detectados. O fato remete o mundo novamente ao período da Guerra Fria, ou seja, da confrontação entre Washington e Moscou, estabelecida desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e o término da União Soviética, em 1991. Foi uma confrontação marcada pelo chamado “equilíbrio do terror”, tamanha a capacidade nuclear de cada uma das nações. Esta situação tensa começou a amenizar na década de 1970, com os tratados de redução de armamentos nucleares. E terminou com a queda do comunismo no Leste europeu a partir de 1989.
Pois, este período que se sucedeu trouxe não só um alívio nas tensões como também um enfraquecimento da Rússia, que viu ruir o império que construíra e comandava, e que se chamava União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Governos fracos, como o do bebum Boris Yeltsin, fizeram da Rússia pós URSS um país comum. Até que surgisse a figura de Vladimir Putin nos anos 2000. Ele foi gradativamente se impondo como homem forte do país, a ponto de, ao não poder se reeleger mais presidente, ter colocado no cargo um preposto Dmitri Medvedev, e ter-se tornado primeiro-ministro com plenos poderes. Logo que a lei permitiu voltou a ser presidente e, em meados de março, assume um novo mandato.
Putin, que vira um a um os países da antiga URSS irem passando para o âmbito da União Europeia e da OTAN, resolveu reagir. Primeiro com as províncias rebeldes do sul e depois com aquele que era o segundo país mais importante do bloco soviético, a Ucrânia. Não só arrancou de volta da mesma a província da Crimeia, como passou a incentivar os grupos separatistas do leste do país. Na extensão, ameaçou suspender o fornecimento de gás para a Europa, o que significaria matar os europeus de frio.
E agora, num cenário em que à frente da Casa Branca está o beligerante Donald Trump, Putin encontrou campo fértil para fazer uma provocação e tentar mostrar que a Rússia, não só, ainda detém um enorme poder nuclear, como o aprimorou. O problema para Putin, no entanto, é que foram os gastos com a corrida nuclear e também com a corrida espacial, entre outros, que fizeram falir a União soviética. Há que se considerar ainda que Putin pode ter ficado com ciúmes do norte-coreano Kim Jong-un que estaria ocupando o seu lugar no bate boca com Trump. Seja como for, a declaração de Putin tende a dar nova configuração ao cenário mundial.