Nestas duas semanas em que viajei, tive oportunidade de estar em Washington quando o presidente Donald Trump recebeu na Casa Branca o seu colega ucraniano Volodimir Zelensky, proporcionando um deprimente bate boca entre dois dirigentes. Aliás, três, porque o vice J. D. Vance se associou às conversas, para ser mais um a malhar Zelensky.
Assim como tive oportunidade de ver in loco no Canadá a revolta da população e de seus dirigentes contra o anúncio de Trump de transformar o Canadá no 51º estado dos Estados Unidos. Uma ofensa para um país que é um dos sete mais ricos e industrializados do mundo e histórico parceiro dos EUA, tanto nas questões comerciais, como nas que dizem respeito à defesa do Ocidente.
BANDEIRAS
Com orgulho os canadenses expuseram a bandeira do país em frente às suas casas, ou as carregaram penduras nos automóveis, como se fazia por aqui com a bandeira do Brasil em época de Copa do Mundo. O novo primeiro ministro, Mark Carney, logo ao assumir, rompeu com a tradição de ir primeiro aos EUA e foi para a Europa. Encontrar-se com os dirigentes da França, Alemanha, Reino Unidos e da União Europeia. Mostrando sua indignação e reforçando que o Canadá é forte.
Mas, quem está mais se destacando no país é o primeiro-ministro (equivalente a governador) da província de Ontário, a maior do país e onde situa-se Toronto, a maior cidade do país. Doug Ford, por suas ações, passou a ser conhecido como Capitão Canadá. Ocorre que o Canadá fornece energia elétrica para três estados norte-americanos: Michigan Minnesota e Nova York. Ele primeiro ameaçou cortar a energia para os três estados. Porém, o governo central lhe pediu moderação. Então, ameaçou aplicar, na reciprocidade, a mesma taxa de 25% que Trump anunciou sobre os produtos canadenses. Até que o convenceram a segurar qualquer decisão antes de se ter a concretização das ameaças de Trump.
OBSERVAÇÕES
Além das observações de ordem política, a viagem nos permite outros tipos de constatações sobre a realidade dos países, assim como trás a comparação sobre preços e formas como se proceder. Há um ditado que diz que “quem converte não se diverte”. E esta é uma realidade. Se formos comparar com os preços daqui não compramos nada lá. A não ser nos Out Let. Pior, não comemos nada. Começa que, tanto num país como no outro, sobre suas despesas em bares ou restaurantes há a cobrança compulsória de uma gorjeta que vai de 18% a 22%. Sem contar que em alguns lugares já tem incluída na despesa uma taxa de 20%, “como compensação pela crise advinda da pandemia”.
PREÇOS
Só para se ter uma ideia, cito três exemplos de gastos em Washington. Salientando que no Canadá não é muito diferente. Um café da manhã com um prensado de presunto e queijo e uma taça de café com leite: equivalente a 86 reais. Um lanche da noite com um hamburguer de galinha e uma taça de vinho: 240 reais. Um almoço para dois, com tradicional e simples fish and chips e mais dois chopes, equivalente a 444 reais.
Mas, como disse, é só uma curiosidade. Quem viaja tem que saber que vai para outra realidade. Tem que ir para curtir outras culturas. E fazer suas observações. No meu caso, especialmente as de ordens política, econômica e social.
CARTÃO
Uma última observação a fazer é sobre a forma de se gastar. Tempos passados, quando comecei minhas primeiras viagens, tínhamos que, antes de viajar, estipular os gastos gerais que teríamos: hospedagem, alimentação, deslocamentos, diversão, etc. Daí tínhamos que colocar em uma bolsa amarrada à barriga uma verdadeira fortuna em dólares.
Depois disto, evoluímos para o Traveller Check, as reservas antecipadas por aqui de hotel, e o cartão de crédito. Este, facilitava o pagamento. Precisávamos levar menos dólar, porém, no retorno tínhamos um “rombo no cartão”, com tudo a pagar acrescidos dos 6% de IOF.
Agora, a suprema evolução é o cartão internacional, oferecido primordialmente por bancos digitais, mas, que tem inclusive aqui no nosso Banrisul. Sistema em que você carrega aqui o cartão com o valor que julgar necessário, podendo este valor ser convertido, em qualquer momento, na moeda que quiser, dólar, euro, libra, dólar canadense, etc. Se precisar de mais dinheiro é só carregar a partir de sua conta no Brasil. E a taxa é insignificante.
Por precaução, levei na viagem 300 dólares americanos e 200 canadenses. Não precisei de nada. Paguei tudo com o cartão. E melhor, você chega de volta e não tem conta a pagar.