No período de cerca de apenas um mês os Estados Unidos vivenciaram quatro atos terroristas. Um perpetrado em 2 de outubro pelo atirador, Stephen Paddock, 64, que abriu fogo do 32º andar de um hotel em Las Vegas e matou 59 pessoas. Outro a 30 de outubro em Nova York, quando Sayfullo Saipov, 29, originário do Uzbequistão, invadiu uma ciclovia com uma caminhota e matou oito pessoas. Outro a 2 de novembro, em um supermercado, em Denver, no Colorado, quando Scott Ostrem, 47, matou três pessoas. Mais outro, a 6 de novembro em uma igreja de uma pequena comunidade de San Antonio, no Texas, em que David P. Kelley, 26, matou 26 pessoas.
Dos quatro atos, somente um teve relação com o terror político-religioso, cujo principal expoente hoje é o Estado Islâmico. Os demais foram praticados por cidadãos norte-americanos, sem vínculos com qualquer organização terrorista internacional. Daí, evidentemente, surgir a indagação do porquê desses atos. Em sua edição da última terça-feira, o New York Times publicou um artigo com uma pesquisa conduzida por Adam Lankford, professor da Universidade do Alabama. Os dados são reveladores: “Os americanos respondem por 4,4% da população mundial, mas são donos de 42% das armas de fogo do planeta. De 1966 a 2012, 31% dos atiradores envolvidos em homicídios em massa em todo o mundo eram americanos”. O pesquisador levanta a questão se os americanos sofrem mais casos de doenças psiquiátricas e a constatação é que não. O estudo estima que “apenas 4% das mortes relacionadas a armas nos Estados Unidos podem ser atribuídas a questões de saúde mental”.
Então, vem a conclusão de que os atentados estão relacionados à facilidade com que se possui armas nos EUA. Basta lembrar o autor do atentado de Las Vegas que tinha 23 armas no quarto do hotel onde estava. De acordo com um estudo divulgado no mês passado, mais de 33 mil pessoas morrem anualmente em ações com armas de fogo nos EUA. Faz parte da cultura americana ter armas para defesa. Isto ninguém muda. Porém, o então presidente Barack Obama tentou aprovar uma lei estabelecendo uma limitação no número de armas por pessoa e um maior controle sobre as vendas. Não conseguiu. Foi vendido pelo forte lobby da Associação Nacional do Rifle. O que significa que a situação não deve mudar.