O presidente Donald Trump, o qual disse que acabaria com a guerra na Ucrânia tão pronto assumisse o cargo, está dando voltas sem conseguir sair do lugar. O que está vendo é a guerra, iniciada por Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022, ter sua sequência. E, depois de ter feito afagos ao presidente russo, ter pedido a ele para moderar. “Vladimir, calma”, como disse nesta quinta-feira, acrescentando não estar satisfeito com os ataques a Kiev.
E isto acontece num momento em que Trump acena com uma proposta para o fim da guerra que só beneficia a Rússia. E, assim mesmo, ele diz que está mais fácil negociar com Putin do que com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.
AGRESSOR
E é simples saber porque Trump tem dificuldades em negociar com Zelensky. Basta observar a origem da guerra. Foi deflagrada por Putin de maneira sorrateira, pois dizia que a imensa mobilização bélica que fazia era apenas para exercícios militares. Só que este dito exercício logo se transformou num ataque, que os russos entendiam que não duraria mais que duas semanas para tomarem a capital, prender Zelensky e colocar um seu títere no poder. Só que foram surpreendidos pela heróica resistência ucraniana.
Uma resistência que vinha se mantendo devido a substancial ajuda da União Europeia e dos Estados Unidos. Só que Trump fechou a torneira e, com isto, a resistência está diminuindo. Porém, uma coisa fica muito clara, este conflito tem um agressor e se chama Vladimir Putin.
PROPOSTA
Nas suas colocações com vistas a terminar com a guerra Trump disse que a Ucrânia deveria aceitar que a província da Crimeia passe a ser um território da Rússia. E que as forças russas permaneçam controlando as áreas já tomadas no leste ucraniano, com vistas a uma futura negociação.
Ora, a Ucrânia teria que entregar de imediato uma de suas províncias, além de ficar com nenhuma perspectiva de recuperar as áreas tomadas pelos russos. Ou seja, a proposta de Trump está simplesmente premiando o agressor. Além disto, Trump vetou de vez uma das aspirações da Ucrânia: entrar para a Otan.
MINÉRIOS
Já é evidente que Trump acertou com Putin uma divisão da Ucrânia. Ou seja, o russo fica com os territórios que objetiva ter e os EUA passam a explorar os ricos minérios ucranianos, onde um dos destaques é o que se chama terras raras, mas que é um conjunto de 17 minerais. Sua principal aplicação é na fabricação de baterias para celulares, computadores e carros elétricos. Putin já teria assegurado para Trump a exploração desses minerais até nas terras que ficarão sob o controle da Rússia.
Trump disse que quer fazer esta exploração de minérios para recuperar os 500 bilhões de dólares que os EUA já teriam fornecido em ajuda à Ucrânia. No entanto, segundo o Instituto Interacional de Estudos Estratégicos, esta ajuda gira em torno de 150 bilhões de dólares.
PROTEÇÃO
Zelensky até teria concordado com a exploração de minérios por parte dos Estados Unidos, mas, desde que isto não implicasse na entrega dos territórios e que fosse estacionada uma força militar norte-americana dentro do país, para proteção sobre futuras incursões russas. Já Putin tem sido taxativo: não quer saber de força ocidental na região. Aliás, uma de suas alegações para deflagrar a guerra é de que a Ucrânia estava por ingressar na Otan e ele não queria saber de força da Aliança Atlântica junto de sua fronteira. Com tudo isto, se vê que não há perspectiva para o fim da guerra.
APOIO
O consolo de Zelensky é de que ele não está só. A União Europeia continua a apoia-lo. Especialmente, os países que fazem parte da Otan. O presidente da França, Emmanuel Macron, segue enfatizando que um dos princípios básicos do Direito Internacional é a inviolabilidade territorial. E que este tem que ser mantida. Potências como Reino Unido e Alemanha também seguem apoiando a Ucrânia.
O problema da Europa é que ela sozinha não consegue dar o suporte necessário para a Ucrânia. E, enquanto isto, o que todos vêm é Trump querer premiar o agressor e dividir com ele o butim da guerra.