O presidente russo Vladimir Putin ganhou um importante aliado na sua luta por retomar o protagonismo da Rússia à frente de um bloco de países, como nos tempos da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Este aliado é o presidente norte-americano Donald Trump. Isto porque Trump tem deixado claro, através de suas ações e seus pronunciamentos, que os países maiores devem dominar o mundo e os pequenos devem obedecer.
A maior frustração de Putin foi o fim da União Soviética e a situação vexatória a que foram levados os dirigentes de então. À época, Putin dirigia a KGB, a então polícia política do regime. Porém, desde que ascendeu ao poder, em 1999, como primeiro-ministro, tratou de ir recuperando o orgulho russo e, na extensão, os territórios que eram dominados por Moscou.
GUERRAS
A primeira grande batalha que travou foi contra os separatistas da Chechênia. Depois de muitas batalhas e de atentados, como o realizado contra um teatro em Moscou, em outubro de 2012, em que morreram cerca de 170 pessoas, Putin conseguiu sufocar o movimento dos chechenos. Após, voltou-se para Georgia, com quem travou duas guerras e tomou conta, a partir de 2008, de duas províncias separatistas, a Ossétia do Sul e Abkházia.
Conseguiu também manter como um estado vassalo a Belarus, onde, antes da Ucrânia, surgiu um forte movimento de passagem do país para a União Europeia. O povo passou a sair às ruas em grandes manifestações, sendo criada até uma nova bandeira para o país. O diferencial é que a Belarus estava sob a ditadura de Aleksander Lukashenko, que ganhou forte apoio de Moscou para sufocar o movimento e, com isto, o sonho de boa parte da população de viver sob as leis da União Europeia e usufruir do crescimento que tiveram países como Romênia, Bulgária, Polônia, Hungria e outros que antes gravitavam em torno de Moscou.
SONHO
Muitos destes países que ao tempo da URSS faziam parte do Pacto de Varsóvia, a aliança militar do bloco comunista, passaram a integrar a Otan, a aliança militar do Ocidente. A Ucrânia também teve este sonho de passar a fazer parte da UE e da Otan. Foi aí que Putin gritou e deixou claro que não toleraria mais o avanço da força militar do Ocidente para as proximidades de sua fronteira.
Assim é que a guerra de Putin passou a ser não apenas contra a Ucrânia, mas, contra a expansão da Aliança Atlântica. E para isto encontrou agora o grande aliado Donald Trump. O qual deixou explícito em seus pronunciamentos que os países maiores devem obter o que precisam dos menores. E é isto que pretende fazer com a Ucrânia.
REALIDADE
Assim é que a realidade que está se apresentando agora para a Ucrânia é a sua partilha entre Rússia e EUA. Vladimir Putin, seguramente, irá garantir a posse dos territórios já ocupados do leste ucraniano. E mais, como o mandato de Volodimir Zelensky já terminou e ele só continua na presidência porque o país está em guerra, novas eleições presidenciais deverão ser realizadas. E, então, a Rússia vai tentar interferir para colocar um seu aliado no poder. Lembrando que, em 2014, o então presidente pró-Rússia, Viktor Ianukovytch, foi derrubado do poder. E lembrando também que, na mesma ocasião, protestos pró Rússia foram realizados no leste ucraniano, onde existe um grande contingente de origem russa.
PROTEÇÃO
À Ucrânia, pelo que transparece, não restará outra alternativa do que aceitar, nem que seja temporariamente, a presença das forças russas nos territórios dominados, em troca de uma trégua e de um acordo para poder operar com segurança pelo Mar Negro, por onde exporta sua grande produção de cereais.
Sua relativa segurança poderá ser estabelecida pela presença dos Estados Unidos em seu território, na exploração de minérios e no controle das usinas, onde se inclui a nuclear de Zaporyza, a maior da Europa. Mesmo que não seja uma força militar – Putin já deixou claro que não quer saber de tropa Ocidental na Ucrânia – será um anteparo, pois, dificilmente, a Rússia iria atacar operadores americanos em território ucraniano.
RACHA
Por fim, cabe salientar que a Rússia, com as ações de Trump, conseguiu mais um grande triunfo: o racha estabelecido na Otan. Trump já deixou claro que os EUA não serão mais o grande sustentáculo militar da Europa. Tanto que os europeus estão tratando de se armar. Além de terem uma posição bem diversa da norte-americana no que toca aos acontecimentos da Ucrânia.
Enfim, Donald Trump abriu o caminho para Vladimir Putin ir adiante na busca do protagonismo que a Rússia tinha aos tempos da União Soviética.