Durante sua campanha eleitoral o presidente eleito Donald Trump disse que um dia depois de assumir acaba com a guerra na Ucrânia. A partir desta declaração vou dar uma de pitonisa e fazer um exercício de futurologia. Claro, que dentro das observações do que está ocorrendo e do que vejo como possível de acontecer.
Quando Trump assumir o poder, a 20 de janeiro, estará faltando um mês e quatro dias para a guerra completar três anos de duração. Nesse período a Ucrânia viu as forças russas tomarem partes da região de Donbas, onde, de acordo com o Censo Imperial Russo de 1897, os ucranianos (“pequenos russos”, na língua imperial oficial) representavam 52,4% da população da região, enquanto os russos étnicos representavam 28,7%.
SEPARATISMO
Apesar de minoritários, os russos iniciaram ali um movimento separatista que ganhou o apoio de Moscou. A ponto de surgir a “Milícia Popular de Donbas” (posteriormente a Milícia Popular de Donetsk) criada em março de 2014 por Pavel Gubarev, que se proclamou “Governador do Povo” do Oblast de Donetsk. É a segunda região mais densamente povoada, com destaque para as cidades de Donestsk, Lugansk e Carcóvia. Faz fronteira com o lado russo, onde estão cidades importantes como Volgogrado e Rostóvia do Dom.
Vale lembrar que em 2014 a Rússia invadiu a província da Crimeia, mantendo até hoje o controle da mesma.
POSSE
Pouco antes de iniciar o que eufemisticamente chamou de Operação Militar Especial, Putin declarou, unilateralmente, a independência da região do Donbas. Na realidade,o que ele quer é a incorporação daquela área ao território russo. E esta é sua principal condição para acabar com a guerra. Poderá incluir também o levantamento das sanções econômicas que foram impostas contra seu país.
Para proteger essa área, a Ucrânia desenvolve uma guerra de resistência, que tem resultado em destruição e mortes. Aliás, o número de mortos é um mistério. A única revelação que se tem foi feita pelo presidente Volodimir Zelensky, em fevereiro último, quando a guerra completou dois anos, dizendo que morreram 31 mil sodados ucranianos. Nunca foi revelado o número de civis mortos ou que tiveram que deixar o país. E a destruição de cidades é enorme. A guerra chegou num impasse em que nem os russos conseguem avançar mais, nem os ucranianos conseguem os expulsar.
OBJETIVOS
Então, os objetivos de Putin já sabe. Já de Zelesnky, o principal seria expulsar os russos. Isto está comprovado que, apesar de toda a ajuda do Ocidente, não consegue alcançar. Mas, Zelensky tem outros objetivos explicitados durante a guerra. São eles: entrar na União Europeia e na OTAN, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
É partir daí que vem o meu exercício sobre a ação de Trump, que se diz indignado com o fato de os EUA já terem destinado 67 bilhões de dólares para a Ucrânia, dinheiro, que segundo ele, poderia ser aplicado em benefício da população americana. Continuar com a guerra implica em mais gastos americanos, assim como dos europeus, que também estão cansados disso.
PROPOSTA
Aí então vem a proposta. Putin ganha a área cobiçada e vê levantadas as sanções. Zelensky cede a área, mas vê concretizar-se o sonho de unir-se à União Europeia e seu país ter um crescimento como tiveram outros ex integrantes da União Soviética, como Polônia, Hungria, Tchequia, Eslováquia, etc. Ao mesmo tempo entraria para o guarda chuva da OTAN.
E neste ponto está o detalhe importante. O que se diz agora é que se a Ucrânia ceder hoje um pedaço de seu território, amanhã Putin virá em busca de outro. Porém, com a Ucrânia fazendo parte da OTAN a situação é muito diferente. O artigo 5º do Tratado da OTAN estabelece que se um de seus membros for agredido, todos os demais sairão em sua defesa. O que pressupõe uma ação conjunta de Estados Unidos, Europa, Canadá e Turquia.
Então, a Ucrânia seria integrada à Europa, conforme é desejo de sua população e ficaria sob a proteção da OTAN. Além disto, ao invés de enviar dinheiro para a guerra, o Ocidente enviaria para a reconstrução da Ucrânia, numa espécie de Plano Marshall. Outra possibilidade que se poderia acrescentar seria a realização de um plebiscito em Donbas, para que a população se manifestasse se quer continuar com a Ucrânia ou passar para a Rússia. Mas isto merece outra análise. São apenas suposições, porém, com base no que está ocorrendo. Aguardamos o futuro.