O presidente Donald Trump anunciou nesta semana que os Estados Unidos realizaram um exercício militar de 32 horas com quatro bombardeiros supersônicos B-1B sobre o mar do Sul da China, área que Pequim considera sua. E área em que a China também vem desenvolvendo ao longo dos últimos dias intensas manobras navais. Ou seja, estamos diante de uma intensificação das tensões entre as duas potências, o que vem acompanhado de imposição mútua de sanções econômicas e da pressão por parte de Trump aos aliados do Ocidente para que não adotem a tecnologia 5G da chinesa Huawey. O que, aliás, já conseguiu com o Reino Unido. Meses atrás, o primeiro ministro Boris Johnson havia declarado que o seu governo estava aderindo à tecnologia da empresa chinesa. Nesta semana mudou de posição e descartou esta possibilidade.
A decisão de Johnson obedece a dois pontos. Um, é a própria pressão de Trump. Não pode deixar de lado um aliado histórico do Reino Unido e quem lhe deu um substancial apoio na questão do Brexit. Outro, é a resposta que precisava dar à China pela interferência da mesma em Hong Kong, rompendo com o acordo que previa a manutenção das leis britânicas no território até 2047, ao impor uma nova lei de segurança naquela área. Trump entrou no embalo e acabou com o status de parceiro comercial privilegiado com Hong Kong.
Tudo que Trump quer no momento é concentrar as atenções do povo norte-americano no inimigo externo. Isto, porque as questões internas estão fugindo do controle. A pandemia do covid19 tornou o país como o que tem o maior número de mortos no mundo. A economia do país despencou e o desemprego atingiu mais de 30 milhões de trabalhadores. E para somar, um grupo de estrategistas republicanos insatisfeitos com o rumo que o partido tomou sob o comando de Trump, criou o que ficou chamado como Lincoln Project, que simplesmente tem a missão declarada de impedir a reeleição do presidente. Resultado de tudo isto: o opositor democrata Joe Biden cresce cada vez mais nas pesquisas. E a eleição está a pouco mais de três meses. Então, diante deste quadro negativo interno, Trump se vale de uma estratégia antiga, mas, que em muitas ocasiões ainda funciona, que é criar um inimigo externo para unir em torno de si a população interna. E a China é o inimigo de plantão para a tentativa de Trump de reverter a situação até 3 de novembro.